Chegaram… e ficaram. Muitos caçadores já nem conseguem viver sem as “trail” câmaras, não só pela preciosa informação que dão sobre o lugar de espera, como também pelo constante acompanhamento da visitação aos locais ao mesmo tempo que vão transmitindo uma também constante excitação que só os caçadores esperadores compreendem. Mas este tipo de equipamento serve para muito mais, inclusive para monitorar outras espécies de caça maior e ajudar ao exercício de uma correta gestão cinegética…
Texto: Redação
Foto: Ignácio L. B.
Embora não seja grande adepto do uso de demasiada tecnologia na caça, como os aparelhos (miras) de visão térmica, que podem desvirtuar o propósito de uma verdadeira caçada, as câmaras (de foto armadilhagem) são uma preciosa ferramenta de gestão das zonas de caça, pois o seu correto uso permite ver com os nossos próprios olhos o que poderíamos demorar anos a encontrar. Este tipo de equipamento possibilita um melhor conhecimento e ganho de tempo. As imagens obtidas por estas câmaras podem inclusive ajudar na decisão de dar caça, ou não, a determinados exemplares.
Colocação
Uma câmara deve ser colocada num local estratégico tendo em conta o tipo de espécies que frequentam esse território, javalis, veados, corços e até vacas ou ovelhas têm de ser consideradas para que a sua presença não baralhe o que esperamos do equipamento. No entanto, há que considerar que certos “engodos” colocados de modo a induzir a presença da espécie que pretendemos fotografar devem ter em conta os predadores dessa mesma espécie. Por exemplo, uma pedra de sal para corços será um atrativo não só para esse cervídeo mas também para os seus predadores (que pode ser o lobo, nos locais onde ocorre a sua presença). Portanto, não vamos criar uma armadilha letal ao procurarmos fotografar e identificar determinados exemplares.

Autonomia
A autonomia de uma câmara dependerá do modelo, da capacidade de armazenamento ou de envio através da rede móvel. Se optamos por um equipamento que apenas permite o armazenamento, temos que ter em conta a capacidade do cartão de memória, sendo muito prático contar com alguma unidade de substituição para quando visitamos o local. Nesse momento também podemos levar o nosso computador portátil (ou similar) e descarregar o conteúdo, processo menos prático mas que permite confirmar se a câmara está a funcionar tal como desejamos, embora algumas câmaras tenham display (ecrã) que permite visualizar as imagens recolhidas. Nas visitas para recolha das imagens não podemos esquecer de verificar a capacidade das baterias (pilhas), recordando que o frio pode reduzir consideravelmente a sua autonomia. Uma forma de poupar bateria (e memória de cartão) é configurar a câmara para efetuar apenas duas ou três fotos a cada trinta segundos quando está ativada pela presença de um animal. Assim evitamos ter uma centena de fotos de um animal que ali permaneceu durante uns bons minutos.

Colocação
Os caminhos e trilhos pedestres são totalmente desaconselhados, o mais provável é que a câmara seja subtraída por algum desalmado, embora em alguns locais possa existir a forte possibilidade de encontramos animais. Uma vez decidido o local de localização da câmara vamo-nos centrar na instalação da mesma. É importante que seja colocada numa posição o mais alto possível, tornando-se assim mais difícil (aos amigos do alheio) localizá-la e até mesmo evitando que alguns animais, como o javali, a possam golpear ou roçar e a danificar. Outro fator importante é garantir que a lente continuará limpa, a presença de partículas poderá levar a imagens desfocadas. O problema de uma colocação demasiada elevada é não permitir uma correta avaliação dos troféus; das navalhas, no caso de um javali, e das hastes no caso de um corço, pois uma observação “de cima” poderá criar ilusão sobre a grossura do troféu. A posição correta para fotografar será a altura dos olhos dos animais quando estes caminham. Se optarmos por uma posição intermédia, algo mais elevada do que a altura do animal, podemos “calçar” a câmara com uma pequena tala que dará a inclinação necessária. A distância ideal será de uns três metros ao local de passagem ou permanência do animal, pois se a foto for tirada demasiado próximo as imagens noturnas poderão ficar afetadas pelo flash (invisível, mas visível na imagem). A câmara tem de ficar colocada num objeto fixo ou árvore que não sofra movimento pelo vento, da mesma forma que devem ser considerados todos os obstáculos que por efeitos da meteorologia podem ficar no caminho entre a objetiva e o “alvo” da fotografia. Uma última dica; para a fixação da câmara utilize algo discreto, pois alguns equipamentos trazem umas vistosas correias que a denunciam facilmente.