Artigos de Caça Maior
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Artigos de Caça Maior
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Entre 18 de agosto de 2024 e 28 de fevereiro de 2025, decorreu a operação “Artémis 2024/2025” que teve como objetivo prevenir e detetar irregularidades relacionadas com a atividade cinegética em todo o território nacional, segundo refere a Guarda Nacional Republicana (GNR).
Esta operação foi conduzida pelo Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), tendo fiscalizado 7.496 caçadores, tendo sido detetados 195 crimes e efetuadas 197 detenções, das quais se destacam:
Decorrente das ações de fiscalização, foram ainda registadas 647 contraordenações:
Esta operação contou ainda com ações de sensibilização e cooperação com os intervenientes da atividade cinegética.
A caça maior pelo processo de aproximação conta cada vez com mais adeptos. É verdade que ainda damos os primeiros passos nesta modalidade de caça, mas o aumento das populações de cervídeos, principalmente do veado, tem mostrado a muitos caçadores uma nova forma de caçar; a pé, atrás da presa selecionada.
Texto: Redação
Fotos: Arquivo e Shutterstock
1. A roupa
A roupa deve ser ligeira, de maneira que nos permita movimentar com facilidade e, simultaneamente, proteger do frio matinal. Não pense que os dias amenos permitirão caçar em mangas de camisa. Mesmo em pleno Verão as manhãs podem ser bem frescas e não devemos esquecer que temos de estar no campo bem cedo, antes do sol se avistar no horizonte. É sempre conveniente levar uma peça de vestuário mais quente, mesmo que não a utilizemos durante a maior parte da caçada. Outra recomendação importante é que as peças de vestuário a utilizar no tronco sejam em material transpirável, eliminando o suor que se produz ao caminhar, mantendo‑nos sempre secos. Os mesmos critérios devem ser utilizados na escolha das calças. Outro aspeto muito importante será a faculdade dessas peças de roupa não produzirem ruído ao caminharmos. Temos que escolher vestuário silencioso, que produza o menor ruído ao roçarmos na vegetação. A oferta é bastante ampla, sendo possível encontrar bom vestuário para caçar a preços acessíveis.
2. As botas
Embora nem sempre tenhamos que efetuar grandes caminhadas, há que ir preparado para percorrer uma longa distância. Por isso o calçado deve ser muito confortável, de modo a não castigar os pés. As botas devem ser impermeáveis para protegerem da humidade matinal, transpiráveis e resistentes, ao mesmo tempo que devem proteger o tornozelo. Hoje em dia podemos encontrar botas com membrana impermeável/transpirável (como o Gore‑Tex) também a preços acessíveis.
3. A carabina
Vamos caçar com carabina, pois é a arma que melhores condições dará para um tiro preciso a distância média/longa. Idealmente uma carabina de repetição ou monótiro. Claro que também podemos caçar de aproximação com uma carabina semiautomática ou express, mas como nos estamos a dedicar ao equipamento mais específico para este tipo de caça, vamos deixar de lado estas duas soluções. As carabinas monótiro destinam‑se a quem pretende viver a caça de uma forma diferente e nem todos os caçadores estarão preparados para a “pressão” de lidar com uma única bala na arma. Regra geral são armas precisas, práticas de transportar, muito leves e também muito dispendiosas. Será entre as carabinas de repetição de ferrolho (culatra clássica ou de ação retilínea) que vamos encontrar o maior número de opções para escolhermos uma boa arma para caçar de aproximação. Talvez o primeiro passo seja estipular o teto máximo para o valor de aquisição e algumas preferências pessoais: coronha em madeira, ou sintética; design mais clássico, ou desportivo… Depois deve ter em conta o peso e dimensões da arma. Uma carabina com as tão em voga coronhas desportivas (de aspeto tático) pode apresentar uma série de vantagens na carreira de tiro que se vão esvanecer numa caçada de aproximação, em que vai passar a maior parte do tempo a ser transportada e apenas alguns minutos (por vezes segundos!) no encare e a apontar. Ao contrário do que a maioria poderá pensar, a escolha do calibre não é assim tão complicada. A compra de uma carabina (e restante equipamento) obriga a um esforço financeiro, por isso é compreensível que a escolha assente também na versatilidade de utilização. Pelas condições naturais, a nossa fauna não é assim tão diversa e facilmente encontraremos um calibre que tanto vai bem para caçar um corço como um dos maiores veados que podemos encontrar no nosso território. Recomendamos como mínimo um 6,5 mm; p. ex., o veterano 6,5×55 ou o tão em moda 6,5 Creedmoor. Entre os calibres “médios”, o .270 Win., o .308 Win. ou o universal .30‑06. Ou até mesmo um Magnum, como o .270 WSM, o 7mm Rem. Mag., ou mesmo o .300 Win. Mag., embora seja algo exagerado para caçar um corço ou muflão, mas mais seguro para um grande veado atirado a maior distância. Estes são apenas alguns exemplos de calibres mais comuns, mas existem muitos mais de prestações idênticas “especialistas” neste tipo de caça. Os calibres “javalineiros” como o 8×57 JS, o 9,3×62 e o .338 Win. Mag., também farão o serviço, mas serão menos “especialistas” do que os outros a que fizemos referência. Julgamos que com estas recomendações a escolha ficará mais balizada. Ah! Não se esqueça de uma bandoleira, acessório indispensável numa jornada de caça de aproximação.
4. A posição
É muito importante praticar o tiro e conhecer a anatomia do animal que vai caçar. Um corço ou um muflão têm uma zona vital consideravelmente menor do que um veado. Por outro lado, o veado será mais resistente a um impacto mal colocado. Tome sempre em consideração a posição do animal (lateral, três quartos, etc.), que será determinante para que a bala atinja na sua trajetória os órgãos vitais. Na caça de aproximação o objetivo será disparar a um animal parado, idealmente que não deu pela nossa presença.
5. A ótica
O equipamento ótico é fundamental para o êxito na caça de aproximação. É absolutamente imprescindível contar com uns bons binóculos, os melhores que a nossa carteira permita. O mesmo para a mira telescópica. Os binóculos 7×42, ou 8×42, ou mesmo 10×42 são ideias para caçar de aproximação, têm um número de aumentos suficiente para encontrar e avaliar previamente o nosso objetivo a média distância, possuem um amplo campo de visão e luminosidade suficiente para observação durante o período crepuscular. Não será difícil escolher, depois de ter definido o seu orçamento. Poderá ainda optar por um modelo com telémetro integrado, embora sejam consideravelmente mais caros e mais pesados. A escolha da mira telescópica não será assim tão simples, pois a oferta não só é mais vasta como as características são bastante diversas. Tal como nos binóculos, também aqui se aplica a máxima de “comprar o melhor que o nosso orçamento permita”!. Atualmente estão na moda miras telescópicas com muitos aumentos; acreditem que não precisamos assim de tantos… 12x são suficientes, acima de 18x já se torna difícil controlar um disparo apoiado em varas. Mais importante é escolher uma mira com boa transmissão de luminosidade, pois os momentos mais “produtivos” na caça de aproximação são os períodos crepusculares. Por isso uma lente objetiva de 50 mm (não é preciso de 56 mm) não será um disparate. No entanto, uma boa mira 1,5‑6×42 nas mãos de um caçador calmo e com alguma experiência fará milagres.
6. As melhores horas
Do ponto anterior facilmente deduzimos quais os períodos de maior atividade das espécies de caça maior; o amanhecer e o entardecer. Serão estes os momentos que devemos privilegiar nos planos da nossa caçada. Portanto, o nascer do sol será passado no campo. Mas cuidado! Não é conveniente sair para caminhar ainda sem conseguir distinguir a paisagem a alguma distância, pois podemos afugentar o veado ou o corço que tanto procuramos. E se a manhã pode ser muito produtiva caminhando pelas zonas de querença, já a melhor estratégia para o entardecer será diferente, devemos ter paciência e aguardar pelo momento em que os animais saem dos seus refúgios, o que acontece habitualmente já com pouca luz.
7. Terrenos e querenças
O conhecimento do terreno é fundamental para caçar de aproximação, por isso quando não o tivermos devemos recorrer ao acompanhamento de um guia, que pode ser o guarda‑auxiliar da zona de caça ou até um amigo. Se temos o privilégio de poder caçar sozinhos na nossa zona de caça é conveniente fazer um reconhecimento prévio dos terrenos, encontrar os locais de pasto, ou por exemplo, as marcações que os cervídeos fazem com as hastes (em Março/Abril os corços, em Agosto/ Setembro os veados e gamos). Em determinados períodos do ano a presença de fêmeas pode significar a proximidade de um macho, noutros poderá ser possível encontrar grupos de machos. Cada um definirá a sua estratégia de caça em função do que pretende caçar e das condições do território.
8. A localização
Ao contrário do que muitos pensam, caçar de aproximação não implica estar constantemente a caminhar. As pausas para observação e localização dos animais devem ser frequentes. Com os binóculos vamos perscrutar o terreno a caçar, começando de curta para longa distância. Quantas vezes depois de visualizarmos os locais mais longe encontramos um corço quase tapado pela vegetação a pouco mais uma centena de metros da nossa posição? A paciência é sem dúvida a principal arma que caça por este processo.
9. A aproximação
Se encontramos o objetivo da nossa caçada a alguma distância, então entramos na fase mais entusiasmante do processo, a aproximação. Os animais de caça maior têm um poderoso olfato, muito desenvolvido, e uma visão excelente, sendo capazes de detetar a nossa presença apenas por encontrar algo diferente naquela que é a paisagem habitual do local. A direção do vento deve ser tomada em conta durante todo o período de caça, mas mais ainda nesta fase. Uma vez controlado esse aspeto há que estudar o melhor percurso para nos colocarmos a uma boa distância de tiro. A escolha desse itinerário deve ter em conta o ruído que vamos fazer, evitando passar por zonas de arvoredo com folhagem e ramos no solo, por exemplo. Conforme nos vamos aproximando temos sempre de ir avaliando a presença de outros animais, da mesma ou de outras espécies, que possam fugir e alertar aquele que é o nosso objetivo. Por vezes temos que rastejar para ganhar alguns metros que serão preciosos… Mais uma vez, a paciência será determinante no sucesso da caçada.
10. O tiro
Uma vez chegados a uma distância aceitável (e confortável) para o tiro, tentaremos encontrar um local estável para disparar. Podemos levar a vara de tiro, bipé na carabina ou utilizar um apoio natural; uma árvore ou uma rocha… Apenas devemos disparar com boas condições de tiro. É preferível não disparar se isso não acontecer. O retículo deve ser colocado na zona vital do animal e estabilizado, não basta “passar” nessa zona. O objetivo será sempre cobrar o animal com um único disparo. O controlo da respiração é essencial. Contemos o ar e vamos apertando suavemente o gatilho até que o disparo nos surpreenda. Uma vez realizado o disparo procederemos imediatamente à colocação de nova munição na câmara, enquanto se observa a reação do animal. Mesmo que nos pareça ter errado o disparo temos obrigação de encontrar o local do tiro e analisá‑lo, procurando minuciosamente vestígios de sangue. Caçar de aproximação deverá representar o maior desafio para o caçador, e como em qualquer processo de caça faça‑o com ética e respeito pelos animais caçados.
Na passada sexta-feira, 21 de fevereiro, foi organizada em Espanha, Leão, a II Montaria Solidária do Coto de Viforcos.
Todas as receitas seriam doadas à Associação Espanhola Contra o Cancro (AECC) para ajudar na luta contra esta doença. Os caçadores uniram-se e conseguiram angariar 2.200 euros. Segundo a Jara Y Sedal, um dos caçadores presentes referiu que “este montante representa o dobro do montante que conseguimos na primeira montaria”.
O caçador referiu ainda que “a ideia desta ação de solidariedade surgiu na sequência da morte de um colega e do pai de outro. Desta forma, quisemos prestar-lhes uma pequena homenagem e contribuir com um grão de areia para esta associação de luta contra o cancro, que faz um trabalho tão bom e que nos pode ser útil a todos. A II Montaria Solidaria foi um lembrete de que a esperança e o apoio de todos é fundamental para continuar a lutar contra esta doença. A ideia é continuar a organizar futuras caçadas com este objetivo”.
Uma das ideias enraizadas no conhecimento popular dos caçadores é que a qualidade dos troféus pode-se melhorar à base de impedir, mediante a caça, que os exemplares de pior qualidade acedam à reprodução. É isso a que comumente chamamos “caça seletiva”. Será mesmo assim?
Atualmente há uma série de estudos realizados com o acompanhamento de populações de espécies cinegéticas de caça
maior que podem dar-nos informação cientificamente comprovada. Mas vamos ao início da origem na Península Ibérica do
melhoramento da qualidade de troféus pela seleção (caça) dos piores exemplares. Já em 1978, o livro “La caza selectiva del venado”, da autoria do Marquês de La Bañeza (Fernando Mesía y Figueroa), evocava as vantagens da seleção pela qualidade das hastes como ferramenta de gestão em populações cujo objetivo era a obtenção de grandes troféus. Em Espanha existem várias publicações alusivas a este tema, pois as áreas de caça vocacionadas para a caça de exemplares “medalháveis” tem
várias décadas. O mesmo não se passa em Portugal, por motivos óbvios, pois o veado esteve confinado durante várias décadas a pequenos redutos com uma exploração muito própria e exclusiva, faltando a “caça” e caçadores “especialistas”, podemos assim dizer, nesta e noutras espécies de caça maior. Regressando às publicações em língua castelhana, do país nosso vizinho, encontramos ainda outro livro fundamentado em anos de experiência e análise de vários desmogues e troféus de veado; “El venado y su selección” (de Juan Caballero de la Calle). Ambos os livros foram verdadeiros manuais de referência para os proprietários de “ fincas” de caça que se tornaram emblemáticas (na sua maioria cercadas) e ajudaram a entender melhor o mundo dos cervídeos. Hoje o veado está presente num vasto território, através da expansão natural de exemplares que escaparam de propriedades cercadas, de redutos onde sempre existiu em estado selvagem e inclusive fruto de reintroduções (como é o caso, em Portugal, da Serra da Lousã). Por isso, com uma diferença significativa entre este tipo de populações, será lógica a questão; é possível “melhorar” a qualidade dos troféus de veado à base da extração de exemplares “seletivos”? Ou pelo contrário, em alguns casos estamos apenas a perder tempo nesse tipo de ações?
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O que se procura através da caça seletiva de troféus (definida no conceito ibérico) é impedir, à base da extração de exemplares, que os animais com hastes de pior qualidade consigam reproduzir-se, ou seja, passarem os seus genes à geração seguinte de uma determinada população. Com esta medida, procura-se uma melhoria dos troféus possíveis de caçar no futuro. Em primeiro lugar, há que assinalar que o melhoramento genético de uma população apenas é possível em condições plenamente controláveis. Por exemplo, é o que vem fazendo a conhecida “Finca Lagunes” desde finais da década de 1980 com reprodutores de veado-ibérico (Cervus elaphus hispanicus), conseguindo a criação de linhagem de grandes troféus. Nessas condições específicas torna-se possível decidir que machos cobrem as fêmeas e controlar todo o acervo genético dos futuros veados e, muito importante, sempre com uma componente de alimentação também controlada. Depois, outra consideração importante é o facto de habitualmente depararmo-nos com as “razões” indicadas pelos proprietários de zonas de caça que contam com a presença de veados, enumerando como causas da falta de qualidade dos troféus a “consanguinidade” a “má genética” dos seus veados. Curiosamente, nunca está em causa a (má) gestão da zona de caça, que no caso das áreas cercadas têm habitualmente populações muito acima da capacidade de carga, portanto, sobrepopulação de animais, seja de veado ou outras espécies cinegéticas de caça maior que partilham o mesmo habitat.
UM ESTUDO
Vamos então passar a dados e ao que a ciência nos diz sobre se é possível em condições normais de gestão de uma zona de caça, obter uma melhoria dos troféus utilizando apenas a caça seletiva. A caça dirigida apenas a um único fenótipo de uma população, ou seja, considerando determinados caracteres dentro do campo da hereditariedade, pode mudar essa população; esse é um dado que se conhece há várias décadas nos Estados Unidos da América. Durante muitos anos, a caça ao carneiro-das-Rochosas (Ovis canadensis) obrigava a selecionar (como troféu de caça) apenas os exemplares que tivessem os seus cornos com uma curvatura completa (full-curl horn), não se tomando em consideração a idade do animal. Esta ação, que esteve em prática durante 39 anos, levou à modificação dos genes das populações deste carneiro selvagem, pois eliminava exemplares com menor idade, mas que chegavam a ter essas características de troféu (estudo “Intensive selective hunting
leads to artificial evolution in horn size”, Pigeon, G., Festa-Bianchet, M., Coltam, D.W. and Pelletier, F. – 2016). Pouco a pouco, apenas acediam à reprodução os machos com um desenvolvimento de cornamenta em longitude mais lenta e que não chegavam a “fechar” a curvatura, de modo que cada vez se tornava mais difícil encontrar carneiros com “troféu legal”
(eram mesmo os únicos exemplares que se podiam caçar) e apenas os exemplares de “troféu ilegal” se reproduziam. O problema com os nossos veados é que os critérios de seleção são mais complexos do que o comprimento do troféu e isso dificulta consideravelmente essa seleção.
OUTROS EXEMPLOS
Ainda nos E.U.A., encontramos três estudos sobre o veado-de-cauda-branca (Odocoileus virginia-nus) realizados de modo a conseguir uma melhoria da qualidade dos troféus. O primeiro caso, realizado pelo Instituto de Investigação da Fauna de Caesar Kleberg, realizou o acompanhamento entre 2006 e 2015 do Rancho Comanche, uma propriedade de caça. Foram capturados e posteriormente libertados 3.332 veados, dos quais foram caçados durante esses anos 1.296 exemplares.,
em três áreas cercadas: uma com 1.146 ha com caça seletiva aos piores troféus; outra com 7.284 ha, com caça seletiva moderada (apenas alguns exemplares de troféu muito pobre eram eliminados); e outra com 2.023 ha, sem caça seletiva, onde os troféus se foram desenvolvendo naturalmente e apenas de caçavam os exemplares que estavam nos critérios de “bons troféus” (iguais em todas as áreas). Convém referir que todas as áreas tinham a mesma densidade de animais, tendo em conta o tipo e qualidade de habitat. Na prática, com situações que poderiam ser replicadas em qualquer zona de caça (cercada, neste caso) na Península Ibérica. Apesar da diferente gestão, ao fim de sete ano não se notou qualquer tipo de diferença na qualidade de troféus das três zonas de caça. Em todas se cobraram troféus de elevada pontuação. Um segundo estudo que podemos trazer ao nosso artigo foi realizado no Rancho Faith, onde se caçou em duas áreas cercadas, cada uma delas com 450 hectares. Na primeira incluíram-se dois cercados com cerca de dois hectares onde se colocaram exemplares de genética exclusiva (machos e fêmeas) e vocacionada para o desenvolvimento de troféus excecionais. Todos os veados existentes nessa área foram erradicados e deu-se início ao repovoamento com exemplares nascidos nesses cercados de criação. A segunda área também foi limpa” dos exemplares existentes e introduziram-se veados capturados em propriedades vizinhas, e por isso com a mesma genética. Ao longo dos anos foi feita uma gestão por meio de caça idêntica em ambas as áreas (de 450 ha) e com resultados idênticos no que diz respeito à qualidade dos troféus. Como terceiro exemplo, temos o estudo também realizado por investigadores do mesmo Instituto iniciado na década de 1990. No Rancho King, propriedade cercada com 4.000 ha, realizou-se um programa de gestão retirando todos os machos com critérios seletivos de primeira cabeça e segunda cabeça em função das pontas e qualidade das hastes. Numa propriedade vizinha, com a mesma área, tipo de habitat e densidade de animais, foi realizada uma gestão aleatória de machos de modo a manter a população num número aceitável
para a capacidade de carga dessa área. Ao fim de oito anos, a qualidade dos machos extraídos em ambas as áreas eram idênticas, mesmo em animais de diferentes estágios etários.
RELAÇÃO DENSIDADE/ALIMENTO OU GENÉTICA?
Os estudos concluíram que a caça seletiva apenas pode ter efeitos com grande esforço e depois de anos de trabalho em situações muito concretas. Em primeiro lugar, concluiu-se que não podemos controlar a qualidade genética associada a fêmeas porque estas não têm hastes que nos permitam saber que tipo de genes passam aos seus descendentes. Em segundo
lugar, um vareto de hastes curtas pode dar um grande veado ao fim de dois anos, pois há outros fatores que influenciam o crescimento, como o estado sanitário e a alimentação. As conclusões apontam para um trabalho mais centrado na melhoria
da componente alimentar e controlo de densidades, ou mediante a suplementação de alimento de qualidade. Essa será a forma mais rápida de obter resultados. O melhoramento da relação densidade/alimento apresenta vantagem em relação
à introdução de exemplares de genética apurada, foi essa a conclusão dos estudos norte-americanos, pois foram os habitats a
definir a qualidade dos troféus e não os critérios de caça seletiva ou introdução de veados geneticamente “apurados”. O tamanho das hastes dos varetos é fortemente influenciado pela disponibilidade alimentar e estado sanitário dos animais.
Quando terminou a última Idade do Gelo, há cerca de 10.000-12.000 anos, e teve início o período temperado do Holoceno, deu-se uma importante evolução nas técnicas de caça do Homo sapiens; a invenção do arco. Até então a caça praticava-se com armadilhas e outros instrumentos mais rudimentares, como as lanças com pontas em pedra. Ao surgir o arco, ninguém terá pensado que essa invenção demoníaca poderia colocar em risco a fauna. Pelo contrário, a invenção permitiu diversificar as espécies presa e permitiu aos primitivos caçadores direcionar os esforços de caça a animais menores, podendo conseguir alimento sem arriscar as suas vidas com os grandes mamutes ou perigosos ursos. É possível que algum animalista vegano do início da humanidade tenha vaticinado que com essa invenção – o arco – se iria exterminar todas as espécies animais.
Texto: Redação
Fotos: Arquivo
Com a vulgarização do arcabuz como arma de caça no século XVII, a atividade venatória alterou-se de forma significativa, ao ponto de a prática da montaria ter mudado radicalmente para a forma como hoje a conhecemos, com os caçadores colocados e matilhas a bater a mancha para os postos. Não acreditamos que naqueles anos alguém tenha estado contra o uso da arma de fogo nessa prática venatória já com séculos de existência, no limite a algum purista da caça com arco ou besta lhe poderá ter parecido excessivo o uso de tal utensílio.
Munição metálica e miras telescópicas
Em finais do século XIX a pólvora sem fumo impôs-se sobre a pólvora negra e o aparecimento da munição metálica introduziu um novo salto tecnológico nas armas de fogo para a caça. Foi entre esse período e o século XX que surgiram muitos dos calibres que ainda hoje utilizamos e ninguém tentou a sua proibição. Nem sequer o tentaram com o aparecimento das primeiras miras telescópicas que se tinham começado a utilizar na Primeira Guerra Mundial e passaram imediatamente a fazer parte do equipamento de muitos caçadores. Na verdade, o seu uso foi considerado ético por permitir uma maior eficácia.
Novas tecnologias
Tudo isto vem a respeito das discussões que atualmente estão em debate no mundo da caça sobre o uso das novas tecnologias; que não é ético, que não se dá oportunidade à caça…. Vamos neste artigo abordar o uso dos novos equipamentos que o caçador tem à sua disposição para a prática da atividade venatória. Cabe a cada um dar-lhe o melhor uso, respeitando sempre os aspetos legais da sua utilização e, claro, cumprindo aquilo que serão os planos de cinegéticos feitos com rigor e assim participar na gestão efetiva das zonas de caça.
As câmaras ou “trail-cams”
A digitalização na fotografia e vídeo abriu-nos um mundo que permanecia oculto aos não profissionais. Com as câmaras de foto-armadilhagem ou “trail-cams” podemos conhecer os hábitos das espécies de caça e por onde se movimentam. A maioria utiliza este tipo de equipamento junto aos cevadouros para saber a que hora entra o javali a comer e também para conhecer em detalhes aspetos físicos da futura presa. Antes das câmaras já havia alguns dispositivos que permitiam saber, sem qualquer tipo de interatividade, a hora da frequência dos javalis ao comedouro; lembram-se dos dispositivos de relógio tipo “bolota”? Quando era derrubado o relógio parava e marcava a hora da visita. Faltava saber os detalhes físicos do “suspeito”, e aí entrava a arte do caçador, procurando identificar rastos no solo e marcas nas árvores e vegetação. Algo que dava um sabor especial a uma espera.
Hoje é muito mais simples. Basta visionar as fotos e podemos ver, além do dia e hora, praticamente todos os detalhes do visitante. E tudo isto pode ser em direto, graças à tecnologia 4G (e 5G) que nos permite acompanhar em tempo real tudo o que se passa nos nossos cevadouros. Podemos inclusive interagir com o equipamento, configurando-o remotamente.
Evidentemente, este tipo de equipamento utilizado de forma mal-intencionada permite abater os grandes navalheiros sem história. Contudo, serão também as “trail-cams” uma excelente ferramenta de gestão para conhecer melhor o que temos na nossa zona de caça e assim elaborar planos com menor margem de erro.
Torretas balísticas
O fascínio pelos tiros a longa distância está na ordem do dia. E se olharmos para a história, esse fascínio é antigo. Desde que se montaram as primeiras miras telescópicas nas armas de caça que se valoriza um lance concretizado com um tiro longo. As primeiras miras não eram mais do que um par de lentes com um retículo que permitia colocar melhor o tiro.
Não faz muito tempo as miras telescópicas convencionais incorporaram uma nova tecnologia; a torreta balística. Este complemento permitiu compensar de forma mais rápida (sem grandes cálculos) a trajetória balística do projétil em função da distância de tiro. Com a ajuda de um telémetro – outro equipamento tecnológico – deixa de ser necessário compensar “a olho” a queda da bala. Medimos a distância com o telémetro, colocamos a roda da torreta nessa distância e… disparamos apontando à zona vital da peça de caça. Há quem considere que um disparo a 400 metros não é caça. Mas também há quem considere uma total falta de ética um disparo a uma rês parada, que esteja a alimentar-se num cevadouro…
Monóculos e miras NV e térmicas
A visão noturna (NV) e térmica, tal como muitas outras tecnologias que utilizamos na caça, nasceram no âmbito militar. Têm princípios de funcionamento distinto: a tecnologia NV amplificam eletronicamente a luminosidade ambiente e aproveita espectros não visíveis ao olho humano convertendo-os para uma imagem visível; a tecnologia térmica deteta fontes de calor e permite detetar animais a longa distância, inclusive durante o dia.
Em ambos os casos melhoram a detenção das reses e facilitam a sua captura. Combinando um monóculo para deteção e observação, com uma mira, não há qualquer dúvida que a tarefa do caçador ficará substancialmente mais facilitada. Além disso, permite uma maior eficácia por saída de caça, o que poderá ser importante para cumprir planos de gestão ou acudir a situações de prejuízos na agricultura, por exemplo.
Conclusão
A tecnologia não é má. A tecnologia mal utilizada é nefasta. O debate é muito simples, devemos utilizar a tecnologia para caçar melhor e ajudar-nos a cumprir os planos de caça. Nem um exemplar a mais, nem um exemplar a menos. E sobretudo, moderação. Moderação no vício de matar e no “vale tudo” para obter aquele troféu. A caça de um bom troféu pode ser uma experiência de capacidade e superação pessoal.
Cada um elege até onde quer chegar com a tecnologia e, sobretudo, tem de cumprir com a legislação, o que está permitido e nunca mais do que isso.
Este é um artigo que pode encontrar na edição especial EXTRA JAVALI 2025.
Em banca!
Segundo o Notícias ao Minuto, o Ministério da Saúde de Castela La Mancha, está a investigar um possível surto de triquinose detetado numa família espanhola, depois de terem comido carne de um javali.
Os membros da família tiveram de receber tratamento médico, mas apenas um teve de ser hospitalizado. Foram recolhidas amostras, que foram posteriormente enviadas para o Centro Nacional de Microbiologia, para que se confirme qual o agente patogénico em causa.
Esta é uma infeção que a ASAE refere que, segundo cita o Notícias ao Minuto, “ocorre quando é ingerida carne contendo quistos com as respetivas larvas. A carne de porco ou os seus derivados consumidos crus ou cozinhados de forma insuficiente são os principais alimentos associados a esta infecção. Em casos raros, a infeção foi contraída pelo consumo de carne de javali, de urso e de alguns mamíferos marinhos. A manifestação de sintomas varia de acordo com número de larvas invasoras, com os tecidos invadidos e com o estado geral de saúde do hospedeiro. Um ou dois dias após ingestão de carne infetada surgem os sintomas intestinais podendo o doente apresentar febre ligeira. Os sintomas da invasão larvar surgem normalmente 2 a 8 semanas após a infeção. Os sintomas mais comuns são náuseas, diarreia, vómitos, cansaço, febre e dores abdominais seguidos, enfraquecimento e, em casos muito graves, complicações cardíacas ou neurológicas. Geralmente, as pessoas afetadas recuperam completamente de triquinose”.
Fonte: Notícias ao Minuto; Foto: Pixabay
Este é um dos artigos que pode encontrar na edição EXTRA JAVALI 2025 100% dedicada à caça ao javali e que está disponível nas bancas.
Frequentemente ouvimos relatos de monteiros sobre situações desagradáveis decorridas em montarias; balas a zunir, postos mal marcados e que geram situações de insegurança, ou até mesmo mau comportamento de alguns participantes. Inclusive encontramos monteiros que hoje escolheram reduzir a sua participação em eventos cinegéticos coletivos de caça maior por os considerarem arriscados.
Apesar do número de montarias hoje ser consideravelmente maior do que o acontecia há duas ou três décadas, na verdade, e segundo a opinião dos monteiros mais experientes, a qualidade organizativa no que à segurança diz respeito não aumentou. Sabemos que todos os participantes devem contribuir para a segurança de uma montaria, contudo, cabe ao organizador dar o mote e ser intransigente com as regras que permitem não só levar a bom porto essa caçada, como também criar o desejável sentimento de segurança entre todos.
Neste artigo vamos eleger critérios para todos os participantes numa montaria, a começar pelo organizador (ou “orgânico” como agora é chamado), passando pelos monteiros – sem esquecer os seus acompanhantes – e terminando nos matilheiros.
Conselhos para o organizador
1.Elaborar o plano/mapa da mancha e proporcioná-lo a todos os assistentes à montaria, para que vejam a localização dos postos no terreno, já que muitas vezes o perigo pode residir no simples facto de o monteiro não saber a localização dos postos vizinhos. O problema agrava-se quando existem travessas.
2.Assinalar os postos com elementos visuais bem dimensionados, não simplesmente uma chapa que dificilmente o monteiro que ocupar esse local a encontra. Há fitas de alta visibilidade que permitem aos postos vizinhos observar a localização dos postos vizinhos quando visualmente é possível.
3.Obrigar que ninguém se mova dos postos, que procure “melhorar o posto” à sua vontade. Por isso já se encontram muitas propriedades que optam por colocar palanques de batida, com cerca de um metro de altura para que ninguém tenha possibilidade de “melhorar o posto”, acrescentando ainda maior segurança ao direcionar os disparos ao solo de um ponto mais elevado.
4.Cuidado com os postos colocados em aceiros; todos devem estar colocados no mesmo lado e respeitar os ângulos de tiro. E o “lado certo” é de onde vêm as reses, com as costas voltadas para esse lado; o primeiro disparo será efetuado depois da rês entrar ao aceiro e ter cumprido (sem tiros) a zona de segurança. Isto é básico, mas frequentemente observamos os monteiros em “zigzag” nos aceiros, criando uma enorme insegurança a todos. Cabe também ao organizador limpar e eliminar possível pontos que possam provocar ricochetes dos projéteis (balas). A
5.Dar instruções claras aos postores para que expliquem aos monteiros as zonas de tiro e quais são os lugares onde podem disparar sem perigo. E instruções claras para que não abandonem os postos até que alguém os venha recolher.
6.Colocar fora da mancha todo o pessoal responsável pela recolha das reses, apenas devem iniciar o seu trabalho quando a montaria terminar e os postos estejam recolhidos.
7.Dar a todos os monteiros uma lista escrita com todas as instruções de segurança e lê-las durante a preleção da montaria, com todos os participantes presentes. Nunca é demais repetir regras que podemos pensar estar “batidas”.
Para os monteiros e acompanhantes
1.Não sair do posto que foi assinalado. Muitas vezes pensamos que esses poucos metros que nos dão uma melhor posição de tiro não interferem com a segurança, pois estamos enganados… se os postos estiverem bem marcados, o local certo é precisamente o que nos foi indicado.
As regras de segurança devem ser transmitidas – por escrito – a todos os participantes.
2.Usar peças de vestuário com cor de alta visibilidade (laranja). Um chapéu e um colete não incomoda e torna-se visível a muitas centenas de metros. Se estiver calor, o colete (ou outro elemento de alta visibilidade) pode ficar num ramo ou arbusto a marcar o posto. Além disso, devemos também assinalar a nossa presença aos postos vizinhos sempre que isso seja possível.
3.Um posto ocupado por duas pessoas nunca deverá ter mais do que uma arma. Esta é uma das principais causas de acidentes; dobrar um posto. E por vezes esses acidentes acontece entre os ocupantes desse posto. A emoção do lance e a intensidade do momento poderá levar a um esquecimento momentâneo das regras de segurança com armas de fogo. E com duas armas preparadas a dar fogo à mão, as probabilidades de algo correr mal… são muito maiores.
4.Se o posto está no solo vamos ter sempre a preocupação de “enterrar” os tiros. Também deve ser tomada muita atenção ao “correr da mão” a acompanhar uma rês, cumprindo escrupulosamente os limites daquilo que é o nosso campo (ou zona) de tiro.
5.Cuidado com os ricochetes. As balas de caçadeira têm tendência para ricochetes em pedras. Nunca disparar para um plano de água, seja com espingarda ou carabina.
6.Nunca disparar ao viso (linha do horizonte). No tiro à bala temos de enterrar o projétil. A bala de uma carabina pode percorrer quilómetros e impactar com energia suficiente para se tornar letal.
7.Não disparar ao “movimento” de algo que sentimos entre a vegetação, pois pode ser um cão, uma espécie não cinegética ou até uma pessoa…
8.Antes de municiar a arma assegure-se que o cano está limpo e sem elementos estranhos no seu interior. Nunca viu um colimador no cano de uma arma desenfundada no posto de montaria? Pois é… acontece.
9.Se tem de acudir a um agarre ou efetuar o remate de uma rês, deve avisar todos os companheiros de caça que estejam presentes no seu alcance visual. Entrar a um remate é emocionante, mas há que saber fazê-lo. Não raras vezes monteiros acabam feridos por não saberem efetuar com segurança a entrada ao remate. Por vezes, os cães que agarram um javali soltam-no quando vêm um desconhecido se aproximar. Antes de ir ao remate – com faca – avalie bem a situação.
10.Não sair do posto até que alguém o venha recolher, mesmo que demore um pouco mais do que o esperado. Hoje muitas organizações permitem levar a viatura para próximo do posto e frequentemente esses monteiros abandonam a montaria antes do final da mesma, não só estragando a caçada aos vizinhos de postos, como também se colocam em perigo.
11.Por último, no que diz respeito aos acompanhantes; a sua colocação no posto deve ser coordenada com o monteiro, nunca interferindo com as zonas seguras para efetuar os disparos. Evitar ao máximo levar para o posto mais do que um acompanhante, além de poder reduzir o nível de segurança do posto, também poderá tornar a situação mais complicada para os postos vizinhos, que se podem preocupar constantemente em verificar se a “turma” está completa!
Conselhos para os matilheiros
1.Muitas vezes vemos os matilheiros acompanhados de amigos ou familiares; isso aumenta o risco de acidente para todos e deve ser evitado, levando apenas o número indicado de pessoas para trabalhar com a matilha. Não esquecer equipamento de alta visibilidade (chapéu, colete, etc.) e com frequência dar conta da sua presença, incentivando os cães ou alertando os monteiros do movimento das reses.
2.Tentar que as matilhas cruzem as armadas e aceiros coordenados, avisando os caçadores da sua progressão no terreno.
3.Não deixar os veículos a impedir caminhos, a boa circulação de viaturas deve estar sempre garantida.
Montear não significa risco
A montaria é um ato de caça coletivo. Felizmente não há muitos acidentes, mas o ideal será “zero acidentes” e regra geral todos são evitáveis. A montaria é também um encontro entre caçadores (monteiros) que partilha a paixão por este processo de caça secular. Além das normas de segurança deve ser cumpridas as regras básicas de educação e respeito. Se todos fizerem a sua parte, a montaria é um processo de caça prazeroso e que muito boa recordação nos pode dar.
No dia 8 de fevereiro de 2025, realiza-se a primeira Montaria no Feminino no concelho de Mértola, com a organização da Câmara Municipal de Mértola, em parceria com o Clube Português de Monteiros e a Federação Alentejana de Caçadores.
Este evento, inserido na 3ª edição das Jornadas da Caça, terá início no dia 7 de fevereiro, com uma receção de boas-vindas e um jantar típico alentejano. No sábado, dia 8, realiza-se a montaria, que terá 35 postos e 10 matilhas. Ã concentração está marcada para as 08h00.
O valor de cada posto é de 150€, incluindo o jantar de sexta-feira, o pequeno-almoço e o almoço de sábado.
Para mais informações, pode aceder AQUI.
O muflão é espécie cinegética em Portugal desde 1990, tendo sido introduzido nessa década em várias zonas de caça turística do Alentejo e Beira Baixa com a seguinte justificação: “…a elevada capacidade de adaptação, rusticidade, capacidade de reprodução e, ainda, o facto de dispor de troféus durante todo o ano são características que justificam o seu grande interesse cinegético”.
Embora a sua introdução tenha sido feita em zonas de caça cercadas, os muflões rapidamente foram escapando da rede cinegética e começaram a povoar zonas limítrofes. Foi o caso da Contenda, onde os primeiros muflões são avistados em 1994, oriundos da Zona de Caça Turística do Baldio da Paula (Lopes & Gonçalves, 2006). No entanto a sua distribuição continua muito limitada, mesmo que nos locais onde se tenha instalado ocorram populações estáveis, mostrando a elevada capacidade de adaptação do muflão, conforme já foi citado. A limitada distribuição no território nacional continental e o facto de ocorrer maioritariamente em zonas de caça turísticas, também limita as possibilidades de caça a esta espécie, sendo um troféu que obriga a despender um importante valor económico para a sua concretização. Mas isso não quer dizer que o ignoremos e, com algum esforço, podemos tentar caçar o “nosso” muflão, pois não é difícil encontrar disponibilidade junto das zonas de caça que oferecem esta espécie cinegética.
Vamos conhecê-lo
Sem entrarmos em todos os detalhes da biologia da espécie Ovis ammon musimon – é este o nome científico do muflão –, vamos descrever as principais características deste animal selvagem que é o antecessor do carneiro doméstico. Na Península Ibérica um bom macho de muflão pode ter cerca de 45 quilos, pelo que não sendo um animal muito corpulento pode ser caçado com qualquer um dos calibres mais comuns, recomendando-se como mínimo, por exemplo, o .243 Winchester ou um calibre 6,5 milímetros de equivalente energia. Fora do período do cio, que decorre no outono, os machos vivem separados das fêmeas (que também podem apresentar cornos de reduzidas dimensões) e suas crias. Durante o verão, um rebanho de fêmeas pode incluir alguns machos que serão jovens, portanto, de troféu reduzido. Se o seu objetivo é caçar um bom troféu, e vai aproveitar um dos meses fora do período do cio, então tem de se esforçar por encontrar um desses grupos de machos. O problema é que com o calor a atividade dos carneiros é reduzida ao mínimo, apenas se movimentando nos últimos minutos de luz para satisfazer as suas necessidades básicas, deslocando-se das zonas de descanso, que podem ser em áreas de coberto vegetal denso, para os locais de alimentação e abeberamento. Acreditem que em zonas de caça com extensas manchas florestais não é fácil encontrar os muflões no período estival. Depois de localizados, a aproximação também não será uma tarefa simples, pois todos sabemos como funciona a estratégia de “defesa em grupo” dos animais selvagens com apurados sentidos de olfato e visão. Por isso mesmo, a melhor época do ano para caçar um bom muflão será o período do cio, que pode ocorrer entre novembro e dezembro, sendo também mais fácil para nós andarmos no campo com maior discrição.
Um bom exemplar
Para ser considerado um troféu o muflão tem de ter pelo menos cinco anos de idade. Até aí os cornos terão crescido em altura e curvatura, mas não apresentam a característica “volta” para dentro. Apenas a partir do sexto ano a ponde começa a dirigir-se para a frente e já podemos considerar um troféu representativo da espécie. Uma forma de estimar a idade de um muflão macho é observar a mancha branca facial. Enquanto num exemplar jovem não ocupa mais do que a ponta do focinho,
num animal adulto pode chegar à base dos olhos e num muflão com dez anos de idade pode ultrapassar as sobrancelhas. Como são animais muito territoriais é muito importante ter a colaboração do guarda da zona de caça. Como já referimos, o
muflão tem os sentidos de visão, ouvido e olfato muito apurados e habitualmente a aproximação é consideravelmente mais difícil do que a um veado ou um corço.
Equipamento
Um bom equipamento ótico é indispensável para encontrar os muflões e para disparar, muitas vezes a uma distância considerável e com pouco tempo para o fazer. É verdade que a maioria das vezes caçamos em áreas cercadas, mas na maioria dos casos essas zonas de caça têm extensas manchas florestais e de mato, o que dificulta consideravelmente a tarefa. Por isso mesmo, não podemos dispensar uns binóculos com um bom índice crepuscular, sem necessidade de exagerar no diâmetro das lentes objetivas nem no número de aumentos. Uns binóculos 8×42 ou 10×42 serão perfeitos, tal como o são para a maioria das aproximações, mas sempre de qualidade ótica inquestionável. A mesma receita aplica-se à mira telescópica; sendo de boa qualidade, uma versátil 1.5-6×42 cumpre na perfeição, podendo-se optar por algo mais específico. No entanto, deve-se fugir das miras com lente objetiva exagerada (p.ex., 56 mm) ou de muitos aumentos, fatores que limitam o campo de visão e, como já referimos, por vezes o tempo para preparar o disparo não é muito dilatado, pelo que um rápido enquadramento do alvo poderá revelar-se essencial para o sucesso do lance. Quanto ao calibre, também já demos a referência mínima para o mesmo, mas atenção… Apesar de pouco corpulento, a vitalidade do muflão não deve ser menosprezada. Outro ponto importante e que não deve ser negligenciado é o facto de muitas vezes termos de disparar
a um exemplar integrado num grupo. Os cuidados para que o projétil não trespasse o animal e atinja outro, fazem parte da ética de caça de qualquer indivíduo que se preze como caçador, além disso evita também despesas adicionais ao cobrar mais do que um exemplar. Balas expansivas e não demasiado pesadas, são recomendadas. Agora no verão os machos não apresentam uma pelagem tão bonita como no inverno, além de que as condições para preparação da taxidermia também estão longe de ser as ideais, por isso, opte pela preparação do troféu de crânio.