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O recuo | Efeitos psicológicos e remédio

by Redação

Neste artigo abordamos os efeitos psicológicos das “más experiências” na precisão de tiro, assim como algumas possíveis soluções para garantir disparos mais certeiros, que é aquilo que todos queremos.

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Texto e fotos: Shutterstock e Arquivo

Poucas são as armas que nos infligem tal recuo que nos impeça de obter uma boa precisão de tiro. O “medo” do recuo é mais psicológico do que real, pois muito raramente os traumas físicos têm consequências graves. A forma de evitar o receio de disparar uma arma não é outro senão a habituação. Efetivamente, a repetição reiterada do processo de disparo “ensina” o sistema nervoso do indivíduo que “afinal não há motivo para receios”. A reação da arma é natural, previsível, e por isso sabemos que tudo continuará “inteiro” depois do disparo. Infelizmente, essa habituação não se consegue com meia‑dúzia de disparos, nem com uma dezena e, talvez, nem com uma centena… Por isso precisamos de uma disciplina mental. Aquilo a que chamamos de treino, que não é apenas a repetição de uma ação, mas sim de todo um mecanismo de aprendizagem.

O treino

Há muitos caçadores e atiradores que dispararam milhares de tiros e continuam a não conseguir alcançar a tão desejada precisão. Isso acontece por que na realidade não treinaram, ou seja, não ensinaram a sua mente. Limitaram‑se a uma repetição monótona de algo sem dominar as suas reações e comportamento. Continuam a ficar tensos ao disparar. Como consequência, continuam a falhar muitos tiros.

Amortecedores de recuo

Atualmente várias marcas oferecem sistemas de amortecimento de recuo, que podem estar alojados no interior da coronha (mecanismos que contrariam a força de recuo) ou integrados no calço de couce. Esta coronha da carabina monótiro Blaser K95 conta com um conjunto de elementos deformáveis integrados no couce, será através da deformação elástica desses elementos que a energia do recuo será dissipada.

A precisão

A precisão de tiro requer concentração por parte do atirador e do caçador, e isso não se consegue se estiver mais preocupado a proteger‑se do recuo do que na execução do disparo. Assim, é necessário ensinar o nosso sistema nervoso de que o estampido, a chama na boca do cano e o recuo, são consequências normais e lógicas do disparo, com as quais se aprende a conviver, tal como com um vizinho incómodo… O primeiro passo é aceitar a existência do recuo, o segundo é conhecer o comportamento da arma e o terceiro aprender as reações, sem que cheguem a afetar a nossa precisão de tiro. Logicamente, podem existir outras consequências, como a fadiga e perda de concentração, algo que tem de ser trabalhado à parte. Um bom plano de treino é a melhor cura (talvez a única) para o plano psicológico.

Atuar de forma intuitiva

Como se pode concluir é determinante que no processo de disparo não se oponha ao recuo. Sabemos que existe, vamos deixar que atue e aprender a controlá‑lo. Quando o vento sopra as árvores vergam, não vergam antes, e logo que o vento deixa de soprar voltam a recuperar a sua verticalidade e estabilidade. É isso mesmo que acontecerá com os efeitos do disparo de uma arma de fogo. Vamos silenciar mentalmente o estampido e deixamo‑nos “vencer” pelo recuo, sem opor mais resistência do que a necessária para recuperar dessa força. É difícil explicar o que se deve fazer, pois é algo quase intuitivo. Há que ter o corpo tenso mas sem rigidez, de maneira a que as costas cedam e a cintura gire (no caso de existir uma forte força de recuo). Dessa forma o corpo consegue absorver parte do recuo, pelo menos a mais importante. Logicamente, nem em todas as posições de tiro se nota de forma igual o recuo, nem todas permitem a mesma recuperação. Quanto mais estável for a posição, mas se notará o recuo. Assim, das posições naturais de caça, a que se notará menos o recuo é a de pé, passando depois à sentado e por último à posição de deitado.

Um calibre menos enérgico para treinar

Uma solução será treinar com uma carabina de um calibre menos enérgico (mais leve) do que aquele que habitualmente usa. Isto é válido tanto para espingarda como para carabina, embora aqui, neste artigo, sejam as armas que disparam cartuchos metálicos que nos interessam. E entre estas – as carabinas – as de fogo central, pois as de percussão anelar (.22LR, .22WRM, .17HMR, etc.) apenas podem ser adquiridas por detentores da licença de tiro desportivo. Portanto, por que não adquirir uma carabina num calibre mais suave? Como o .22 Hornet, .222 ou .223 Remington, etc. Existem no mercado carabinas relativamente acessíveis nestes calibres – como a que podemos ver nesta imagem, que dispara o calibre .204 Ruger, com projéteis de 30 grains! –, que podem ser equipadas com montagens fixas (opção mais barata) e com uma mira telescópica de entrada de gama, pois apenas vamos disparar no período diurno (em locais autorizados).

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