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Quando o equipamento pesa

by Redação

Que todos fiquemos cansados quando a jornada de caça se torna mais exigente é algo normal, pois esta nossa paixão tem uma elevada componente física e requer ainda forte capacidade psíquica. Andar por terrenos complicados durante muitas horas é normal, assim como também é muito comum carregarmos mais equipamento do que precisamos! É precisamente a isso – ao equipamento que transportamos durante as nossas jornadas de caça menor – que vamos dedicar este artigo.

A idade não perdoa; quando não é a idade é a “barriga”; entre os mais novos, uma noite mal dormida… Encontramos sempre desculpas para uma “performance” menos própria e que nos cria dificuldades a acompanhar a linha de caça. Um caçador deve estar em boa forma, mas isso não implica andar a fazer um treino de desportista olímpico para poder caçar. A maioria consegue superar as dificuldades pela sua paixão à atividade e, regra geral, todos os caçadores são pessoas esforçadas, capazes de suportar quilómetros e adversidades graças à sua motivação. No entanto, os quilos extra pesam mais com o passar desses quilómetros e, na maioria dos casos, é muito fácil tornar a jornada mais aprazível apostando num equipamento mais ligeiro; as botas, o vestuário, as armas e mesmo as munições. Aliás, se observarmos antigas fotografias de caçadores, observamos que precisavam de muito pouco para caçar. Logicamente, agora podemos enfrentar todas as dificuldades com o maior conforto que nos proporcionam as roupas técnicas para caçar, ou um calçado mais robusto e adequado ao terreno que pisamos. E até mesmo com armas com báscula em liga leve…

VETERANO: MENOR CALIBRE

“Já não dou para estas voltas…”, frase que ouvimos com frequência da boca dos mais veteranos da linha, ou que até nos passa pela mente… Na verdade, a antiguidade é um posto, todos sabemos; facilmente um caçador mais veterano consegue antecipar um lance, colocando-se melhor no terreno e, dessa forma, aproveitá-lo melhor. Por isso mesmo, uma espingarda de menor calibre pode ser uma excelente opção para um caçador veterano. Passar dos três quilos e “picos” de uma espingarda de calibre 12 para cerca de dois quilos e meio de uma calibre 20, irá notar-se a meio da jornada. Além disso, a redução de peso na cartucheira e colete também se fará notar, com os cartuchos de 28-30 gramas a substituírem os cartuchos com 32, 34 ou 36 gramas. A espingarda mais leve também irá mudar o nosso tempo de reação, tornando-nos mais rápidos a assistir ao lance. Algo a considerar.

Aproveitando a tecnologia

Caçar com umas calças de ganga, uma camisa velha em flanela, um fino impermeável pendurado à cintura (caso chova) e umas botas duras é algo que muitos de nós já fizemos. Quando a maioria começou poucos tínhamos acesso a equipamento técnico para caça e tão pouco nos preocupávamos demasiado com isso. Se podemos agora sair a caçar com uma camisa em tecido transpirável em vez da grossa flanela, que nos deixará livres do suor e secos para suportar o vento mais fresco, certamente vamos caçar melhor graças ao maior conforto. O mesmo se passa com umas botas com GoreTex, ou algo semelhante, que nos deixarão os pés secos. Se analisarmos, praticamente todas as soluções técnicas propostas hoje e que encontramos no mercado, têm razões de peso para nos convencer, proporcionando além de um maior conforto frente às condições ambientais, uma interessante redução de peso no equipamento. Essas modernas membranas que agora fazem parte dos tecidos das roupas e do calçado proporcionam-nos mais proteção e conforto, eliminando condensação e suor que habitualmente nos acompanhavam com as peças tradicionais (gangas, flanelas e botas simplesmente de couro). Agora temos coletes de caça mais leves e funcionais, mais ergonómicos, que distribuem o peso e se sentem menos no corpo.

As armas

Com as armas passa-se algo semelhante. Esquecidas as iniciais renitências aos materiais sintéticos (sobretudo ao aspeto “plástico” que tanto nos preocupava quando víamos uma espingarda com coronha em polímero), hoje já não se justifica apostar em espingardas com mais de três quilos e meio apregoando a sua superior resistência dada pelo peso do material. Atualmente encontramos no mercado espingardas de calibre 12 a rondar os três quilos, com qualidade e robustez necessárias, com canos mais curtos (hoje não se justifica o uso de canos demasiado longos) capazes de desenvolver elevadas prestações balísticas. O mesmo se passa com as munições. Vale a pena carregarmos com cartuchos de 36 gramas de chumbo? Um bom cartucho com 32 gramas desenvolve uma excelente balística para cobrar com limpeza qualquer peça de caça menor, respeitando as distâncias de tiro. Com uma espingarda mais leve e cartuchos de carga moderada também vamos obter um maior conforto de tiro. Estamos de acordo em conservar as tradições, mas não devemos confundir a utilização de equipamento moderno, que usa materiais mais eficazes ao esforço solicitado pela nossa atividade, com a quebra da ligação às formas tradicionais de caçar.

COLETE DE CAÇA: REPARTIR SEMPRE O PESO

Levar equipamento completo (carregamos sempre demasiadas coisas), uma garrafa com água, os cartuchos… e depois a caça abatida, quando caçamos com colete, tudo isso nos fará peso nos ombros. Se repararem nas fotos antigas, caçadores de perdizes iam ligeiros, com cartucheira, a espingarda e… nada mais do que a caça pendurada à cintura. O colete de caça tornou-se mais prático e amplamente utilizado, pois tem uma série de bolsos onde podemos colocar a carteira dos documentos, as chaves do carro, o telemóvel, a garrafa de água… etc. Mas habitualmente repartimos mal o peso no colete. Por exemplo, nunca devemos colocar uma ou duas caixas de cartuchos no amplo bolso traseiro do colete de caça. A ideia é repartir o peso que transportamos pelos bolsos do colete e, se precisaRmos de muitos cartuchos por se antever uma jornada longa e com muita caça, o ideal será levar também a cartucheira, retirando assim peso dos ombros para a cintura, bastante mais robusta para suportar esse peso extra. Assim também garantimos dois locais para colocar a caça abatida; no bolso do colete, ou pendurada à cintura, possivelmente a melhor solução para evitar o incómodo que nos dará, por exemplo, o peso extra de uma lebre.

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