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Serão os novos calibres “super” Magnum algo recente?

by Redação

A história começou em meados do século passado com o norte-americano Roy Weatherby que desenvolveu um conjunto de calibres ainda hoje estão no topo da lista dos mais velozes do mercado.

A história dos calibres Magnum super velozes começou na década de 1940 pela mão do norte-americano Roy Weatherby, considerado por muitos o “pai” dos calibres de caça modernos.

O sonho americano

A vida de Roy Weatherby tem muito da clássica história do “American Dream” (Sonho Americano); Roy nasceu no seio de uma humilde de camponeses no estado norte-americano do Kansas. Apesar de uma dura infância., afetada pela Grande Depressão – uma das maiores crises financeiras da história, no final da década de 1920 –, Roy conseguiu estudar e arranjou um primeiro emprego como vendedor de automóveis. Tal como acontecia com muitos jovens da América rural, a caça era uma das suas grandes paixões. No ano de 1942, durante uma caçada ao veado, Roy feriu um bom exemplar com a sua carabina .30-06. Ao ter de pistear o animal ferido e vê-lo a sofrer durante horas antes de o conseguir cobrar, Roy jurou a si próprio que não voltaria a passar por situação semelhante. Como era um hábil adepto da recarga de munições metálicas, pensou em desenvolver um novo calibre (o que os norteamericanos designam por “wild cat”).

O primeiro calibre Weatherby

Roy Weatherby partiu de um invólucro do calibre .300 Holland & Holland Magnum, estreitandolhe o “pescoço” para receber um projétil .270 (na realidade .277). O .270 Winchester era na altura um calibre muito apreciado pelos caçadores norte-americanos, mas faltava-lhe algo para ser um cartucho Magnum. Com a transformação do invólucro do .300 H&H Mag. carregado com o mesmo projétil do .270 Win., o novo calibre de Roy ganhava 200 pés por segundo (cerca de 60 m/s), conseguindo um calibre híper-veloz e de máxima eficácia em distâncias longas. Mas nem tudo eram vantagens, e se o .270 Weatherby Magnum se descava em prestações, tinha o problema de desenvolver pressões muito elevadas e provocar sobreaquecimento do cano. As estrias também sofriam e tinham uma duração mais limitada comparativamente aos calibres que desenvolviam velocidades inferiores a 1.000 m/s. No entanto nos E.U.A. isso não representava qualquer problema, pois a troca de um cano “gasto” é vista como algo natural. Na Europa sim, já é algo invulgar e nem sequer é muito comum entre os praticantes de tiro de competição.

A teoria

Segundo Roy, um calibre mais pequeno de peso e diâmetro, mas mais veloz devido à conceção diferente do invólucro e de uma maior carga de pólvora, ganharia velocidade (e energia) e teria uma trajetória mais tensa – algo importante, pois na época as miras não tinham as agora muito comuns “torretas” balísticas. Esta teoria revolucionou, na sua época, os conceitos de balística, em que se procurava o incremento de energia com o maior peso do projétil. Roy, como bom caçador, quis provar a sua teoria (e convicções) no terreno e participou em várias caçadas como seu novo calibre. Ao terminar um longo safari em África, na companhia de experientes caçadores, e com um grande número de troféus cobrados, Roy chegou à conclusão de que o seu calibre, na maioria dos casos, matava melhor (ou pelo menos igual) do que outros calibres que utilizavam balas de maior diâmetro e menor velocidade. A seu favor, conseguiu as opiniões de Jack O’Connors e Roy Rogers, ambos caçadores de renome e jornalistas de revistas especializadas de armas e munições. Outros adeptos do novo calibre de Roy Weatherby foram o Rei do Nepal (um proeminente caçador de montanha), o autor John Wayne e o “Rei” Elvis Presley. Resumindo, o .270 Weatherby Magnum foi uma revolução e continua a ser um excelente calibre.

Continuação da saga

Quase em simultâneo com o desenvolvimento do seu “270”, Roy Weatherby criou o .257 Weatherby Magnum (início de produção em 1945) que se tornou o seu calibre favorito e “lança” uma bala de 80 grains a 1.180 m/s (!), sendo o calibre .25 mais rápido e de trajetória mais tensa do mundo! Até 1951 a Weatherby Sporting Goods, que não era mais do que uma espingardaria (que na altura já tinha um túnel de tiro de 100 jardas na cave), apenas oferecia aos clientes os invólucros metálicos para recarga, tendo estes que escolher os projéteis. Nesse ano, Roy Weatherby conseguiu um acordo com a Norma, iniciando uma longa cooperação com o fabricante nórdico. Atualmente as munições dos calibres Weatherby Magnum são fabricadas pela própria casa norte-americana. Em 1947 entra em produção o 7mm Weatherby Magnum, vinte anos antes do popular 7mm Remington Magnum, e um par de anos antes aquele que se tornou o calibre de maior sucesso da família Weatherby, o .300 Weatherby Magnum, para muitos “um calibre avançado no tempo 50 anos”!

Uma carabina perfeita

Mas além de procurar a máxima eficácia com os calibres, Roy Weatherby também procurava a carabina perfeita, até por que os seus calibres exigiam ações e ferrolho fortes o suficiente para suportar as elevadas pressões. Durante algum tempo a casa Weatherby, localizada na Califórnia, oferecia aos seus clientes carabinas “custom” (personalizadas) com base em ações (caixa de culatra/ferrolho) Mauser fabricadas pela belga FN. Em 1956 inicia um contrato com a finlandesa Sako que continua a fabricar as carabinas Weatherby com base nas ações FN/Mauser. Mas o senhor Weatherby continuava a trabalhar no desenvolvimento de uma carabina ainda melhor em ainda em 1956 propõe à firma dinamarquesa Schultz & Larsen o fabrico de algumas carabinas no calibre .378 Weatherby Magnum com base na ação Model 54 deste fabricante. Mais foi em 1958, depois de vários anos de desenvolvimento, que Roy Weatherby chegou à “perfeição” com a sua ação/ferrolho orginal Mark V, preparada para suportar pressões superiores a 100.000 PSI (!). A arma tornouse um sucesso e a Weatherby teve de procurar um novo parceiro para a produção, que foi nem mais nem menos do que a prestigiada casa alemã J. P. Sauer & Sohn. Na época as carabinas Weatherby distinguiam-se facilmente pelas suas coronhas com crista Monte Carlo. A carabina Mark V continua a ser considerada a ação mais resistente alguma vez fabricada, conta com um ferrolho de 9 trincos e ficaram famosas as Weatherby/Sauer no calibre .460 Weatherby Magnum, o calibre para arma e ferrolho mais potente do mundo! A Weatherby não quis de deixar de oferecer uma opção para os calibres “não-Weatherby” criando a linha de carabinas Vanguard, disponível nos calibres mais populares standard e Magnum “normais”. Todas as carabinas Weatherby saem de fábrica com garantia sub-MOA. Atualmente a oferta da casa Weatherby é consideravelmente vasta, passando pelas caçadeiras, acessórios para armas, tiro, etc. Em 1983 Roy Weatherby (faleceu em 1988) entregou ao seu filho Ed a liderança da empresa que em 2020 comemorou o seu 75º aniversário.

Fotos: Shutterstock e Weatherby

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