A galinhola é uma ave enigmática, envolta em mistério, que provoca uma enorme atração em muitos caçadores. Há quem a procure nos recantos mais remotos do nosso território, dos bosques mais densos do Minho às serras do Algarve, sem esquecer a mítica Ilha do Pico, onde a galinhola é residente não migradora. É esta Ilha do arquipélago dos Açores que vem imediatamente à ideia como primeiro destino para os caçadores do Continente. Mas há outros destinos onde podemos encontrar a “Dama dos Bosques”…
A rota migratória da galinhola traz esta ave até nós para passar parte o outono e inverno, fugindo aos solos gelados do Norte e Leste da Europa, onde nidifica. Mas nem todas as galinholas chegam à Península Ibérica, algumas escolhem outras áreas de invernagem e aí podem ser caçadas durante uma boa parte da época de caça, ao contrário dos locais de “passagem” migratória, como são as regiões do Báltico, com períodos muito mais curtos ou que ainda apanham parte do nosso verão. Os destinos que aqui vamos deixar como sugestão têm períodos de caça muito idênticos ao nosso, amplos e que se prolongam de outubro a fevereiro.
BULGÁRIA
Um dos destinos mais populares de caça à galinhola, durante várias décadas um dos preferidos dos caçadores italianos. Este país do Leste da Europa está numa das principais rotas migratórias da galinhola que dada a variabilidade do clima mesmo no inverno, permite que a ave encontre boas áreas para refúgio e alimento junto ao Mar Negro, onde a temperatura raramente baixa dos cinco graus Celcius durante mais de um par de dias. A região de Varna é das mais conhecidas pela densidade de aves. Um típico dia de caça começa com o sol já bem levantado no horizonte, sendo o período central do dia o melhor. Os guias fazem- -se acompanhar normalmente de pointers e setters, de boas linhas e com desempenhos muito bons. Começamos por percorrer bosques e as margens de pequenos rios e ribeiros, onde o solo não gela, normalmente cobertos por arbustos espinhosos. Se a temperatura baixa, então as melhores áreas de busca são os densos bosques de pinheiros, onde a neve normalmente não alcança o solo. Programa base: habitualmente composto por 3 ou 4 dias de caça, com alojamento incluído (pensão completa) e serviço dos guias com os seus cães de caça. Também é possível viajar com os nossos cães, embora não haja muitas organizações recetivas a isso. O preço varia entre 1.500 a 2.000 euros para este tipo de programa. Um bom dia de caça pode terminar com uma dúzia de levantes e uma boa meia-dúzia de pássaros cobrados. Época de caça: de meados de outubro a fim de fevereiro.

REINO UNIDO
É sem dúvida um destino espetacular pela envolvência, com paisagens deslumbrantes (na Escócia) e… muitas galinholas. As Ilhas Britânicas têm uma população residente de galinholas, que no pico do inverno descem das charnecas geladas das Terras Altas Escocesas para as áreas baixas do País de Gales. Muitos caçadores ficam incrédulos com a densidade de aves que podemos encontrar numa jornada de caça, contudo, a forma de caçar dos britânicos é muito diferente da nossa, em que caçador que se preze caça com cães de parar. Ali podemos caçar com springers, cocker spaniel ou até mesmo um retriever… Naturalmente, também há organizações com pointers e setters, mas convém certificar-se disso antes de partir. Programa base: normalmente será composto por 3 ou 4 dias de caça; com alojamento incluindo em pensão completa ultrapassará ligeiramente os 2.000 euros (a libra esterlina é mais forte do que o euro), mas também é possível encontrar organizações que vendem apenas o dia de caça (à volta de 200-250 euros), deixando o alojamento por conta dos caçadores. Não é difícil encontra um bom Bed & Breakfast (alojamento local, com pequeno-almoço incluído) bem em conta, o que fará reduzir a tarifa. Para este destino é praticamente impossível levar os nossos cães, pois existe um período de quarentena a cumprir. Época de caça: Inglaterra, Gales e Irlanda do Norte – de 1 de outubro a 31 de janeiro; Escócia – de 1 de setembro a 31 de janeiro.
MARROCOS
País que está cada vez mais a afirmar-se como destino de caça; Marrocos não é só rolas e pode ser um paraíso para a caça à galinhola. A começar pelo clima, que durante o inverno é bastante temperado e com um pouco de sorte permite caçar todos os dias em mangas de camisa. A densidade de aves é muito boa e a caça desenrola-se em áreas de montado. Não fossem as pequenas palmeiras “entremeadas” com os sobreiros diríamos que estávamos no Alentejo. As boas organizações têm guias muito bons, com cães de boas linhas e a trabalhar muito bem, sendo os mais comuns pointer, setter, bracos e bretons. Programa base: 2 ou 3 dias de caça, que podem ser combinados com outras espécies, como a narceja e a codorniz, sempre muito do agrado dos apaixonados dos cães de parar, ou ainda com a local perdiz- moura (Alectoris barbara). O programa completo tem um custo a rondar os 2.500 euros, com pensão completa, com a vantagem dos voos para Marrocos serem bastante acessíveis (cerca de 250 euros, ida e volta). É possível viajar com os nossos cães, um pouco dispendioso de avião, mas que poderá ser uma opção para um grupo de amigos que opte por efetuar a viagem de automóvel (e ferry), que se faz bem num dia. Quanto às espingardas, será melhor ficarem em casa para evitar trâmites mais pesados na fronteira. Além disso, as organizações têm boas armas para alugar. Período de caça: meados de outubro a meados de fevereiro.
