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Ser (jovem) caçador em Portugal

by Mafalda Leitão

Há uns tempos recebi um e-mail de um rapaz que me perguntava como poderia ser caçador em Portugal. Não tinha ninguém da família caçador, inclusive não tinha nenhum amigo ligado a este mundo; mas, sem saber explicar porquê, gostava de ser caçador. Ora, para quem “parte do zero”, não há nada que diga aquilo que deve ser feito (e como deve ser feito). Mas de quem seria esta responsabilidade? Nossa? Das OSC? De alguma outra entidade? Ou de todos nós, enquanto caçadores?

Já por várias vezes tinha pensado neste assunto e, inclusive, debatido com outros caçadores acerca da importância de sermos mais abertos enquanto classe. Não somos um núcleo fechado; ou pelo menos não o deveríamos ser. Se um dos objetivos enquanto caçadores e amantes da natureza é trazermos mais pessoas para esta arte, então teremos mesmo de ter uma
“open mind” e um espírito de entre ajuda. E não podemos pensar somente no nosso umbigo e na nossa caça. Há uns tempos li na revista Caça & Cães de Caça um artigo em que o autor dizia que se durante a vida toda ajudarmos uma pessoa a tornar-se caçadora, poderíamos ficar satisfeitos, com o dever de missão cumprida. Ora, se dos mais de 100 mil caçadores que tiram a licença estivesse incutido este objetivo, dentro de uns tempos teríamos mais 100 mil caçadores. Bem sei que uma coisa é o mundo com que idealizamos, e outra é o mundo real. Mas não custa tentar; e a vida é feita de encontros e desencontros; e talvez num desses encontros possamos tirar proveito e incutir a alguém o espírito da caça. Talvez este rapaz que me enviou o e-mail não vá ler este artigo. Nem ele, nem todos aqueles que possam estar numa situação idêntica. Até porque muitos nem sabem que existe uma revista ou um site de caça em Portugal. Mas creio que quero com estas palavra refletir (e que todos o possam também fazer) sobre a importância de estarmos capacitados para ajudar alguém que nada sabe sobre caça, mas que tanto quer saber…

Foto: Pixabay

Bem sabemos que infelizmente em Portugal os jovens não estão muito “virados” para a caça; contrariamente a outros países
da Europa em que ser caçador já se tornou numa moda (ou ser somente um caçador influencer das redes sociais). Claro que a
sociedade em que estamos inseridos não abona a nosso favor; nem os meios de comunicação social ajudam; caso contrário
tudo poderia ser mais simples.

PROGRAMA DE APOIO

Mas mediante esta situação, creio que primeiro que tudo seria urgente criarmos um programa de apoio a jovens caçadores como, inclusive, se faz noutros países. Haver uma organização, uma associação (ou como quiserem chamar) que se dedicasse
exclusivamente aos jovens na caça. Ajudasse, explicasse, tivesse um site em que tudo estivesse impecavelmente clarificado, ações para serem feitas com jovens, prémios, ajudas, etc. Sem o intuito de se receber algo em troca, fazendo-o somente porque é urgente haver alguém que ajude os jovens caçadores em Portugal e que lhes explique a caça, a ética da caça, todas as questões associadas, e que os leve a caçar.

Este rapaz, que me contactou onde vai ele caçar? Com quem irá ele caçar, se não tem ligação a este mundo? Bem sei que existem muitos caçadores que o podem ajudar a integrar-se, no entanto, este primeiro contacto irá ser difícil, e ele não terá ninguém que o ajude. Se houvesse uma associação que fosse de encontro a este objetivo (entre tantos), creio que seria bem mais fácil. Facilidade… Os jovens de hoje (e também os adultos) gostam que as coisas sejam fáceis, rápidas; não têm tempo para esperar. Muitos podem acabar por desistir, pois este é um processo complicado, para quem nada sabe. Muitas vezes até para nós, por isso imaginemos para quem começa nestas andanças sem ninguém ao lado…

Lanço então este desafio a quem o quiser abraçar; a todos enquanto indivíduos, mas também às organizações e entidades
ligadas à caça. Vamos pensar nos jovens e na importância que eles têm (e terão) para a arte cinegética, gestão e conservação da natureza no futuro.
Porque se não formos nós, quem será?

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