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Muflão: O “nosso” carneiro selvagem

by Redação

O muflão é espécie cinegética em Portugal desde 1990, tendo sido introduzido nessa década em várias zonas de caça turística do Alentejo e Beira Baixa com a seguinte justificação: “…a elevada capacidade de adaptação, rusticidade, capacidade de reprodução e, ainda, o facto de dispor de troféus durante todo o ano são características que justificam o seu grande interesse cinegético”.

Embora a sua introdução tenha sido feita em zonas de caça cercadas, os muflões rapidamente foram escapando da rede cinegética e começaram a povoar zonas limítrofes. Foi o caso da Contenda, onde os primeiros muflões são avistados em 1994, oriundos da Zona de Caça Turística do Baldio da Paula (Lopes & Gonçalves, 2006). No entanto a sua distribuição continua muito limitada, mesmo que nos locais onde se tenha instalado ocorram populações estáveis, mostrando a elevada capacidade de adaptação do muflão, conforme já foi citado. A limitada distribuição no território nacional continental e o facto de ocorrer maioritariamente em zonas de caça turísticas, também limita as possibilidades de caça a esta espécie, sendo um troféu que obriga a despender um importante valor económico para a sua concretização. Mas isso não quer dizer que o ignoremos e, com algum esforço, podemos tentar caçar o “nosso” muflão, pois não é difícil encontrar disponibilidade junto das zonas de caça que oferecem esta espécie cinegética.

Vamos conhecê-lo

Sem entrarmos em todos os detalhes da biologia da espécie Ovis ammon musimon – é este o nome científico do muflão –, vamos descrever as principais características deste animal selvagem que é o antecessor do carneiro doméstico. Na Península Ibérica um bom macho de muflão pode ter cerca de 45 quilos, pelo que não sendo um animal muito corpulento pode ser caçado com qualquer um dos calibres mais comuns, recomendando-se como mínimo, por exemplo, o .243 Winchester ou um calibre 6,5 milímetros de equivalente energia. Fora do período do cio, que decorre no outono, os machos vivem separados das fêmeas (que também podem apresentar cornos de reduzidas dimensões) e suas crias. Durante o verão, um rebanho de fêmeas pode incluir alguns machos que serão jovens, portanto, de troféu reduzido. Se o seu objetivo é caçar um bom troféu, e vai aproveitar um dos meses fora do período do cio, então tem de se esforçar por encontrar um desses grupos de machos. O problema é que com o calor a atividade dos carneiros é reduzida ao mínimo, apenas se movimentando nos últimos minutos de luz para satisfazer as suas necessidades básicas, deslocando-se das zonas de descanso, que podem ser em áreas de coberto vegetal denso, para os locais de alimentação e abeberamento. Acreditem que em zonas de caça com extensas manchas florestais não é fácil encontrar os muflões no período estival. Depois de localizados, a aproximação também não será uma tarefa simples, pois todos sabemos como funciona a estratégia de “defesa em grupo” dos animais selvagens com apurados sentidos de olfato e visão. Por isso mesmo, a melhor época do ano para caçar um bom muflão será o período do cio, que pode ocorrer entre novembro e dezembro, sendo também mais fácil para nós andarmos no campo com maior discrição.

Um bom exemplar

Para ser considerado um troféu o muflão tem de ter pelo menos cinco anos de idade. Até aí os cornos terão crescido em altura e curvatura, mas não apresentam a característica “volta” para dentro. Apenas a partir do sexto ano a ponde começa a dirigir-se para a frente e já podemos considerar um troféu representativo da espécie. Uma forma de estimar a idade de um muflão macho é observar a mancha branca facial. Enquanto num exemplar jovem não ocupa mais do que a ponta do focinho,
num animal adulto pode chegar à base dos olhos e num muflão com dez anos de idade pode ultrapassar as sobrancelhas. Como são animais muito territoriais é muito importante ter a colaboração do guarda da zona de caça. Como já referimos, o
muflão tem os sentidos de visão, ouvido e olfato muito apurados e habitualmente a aproximação é consideravelmente mais difícil do que a um veado ou um corço.

Equipamento

Um bom equipamento ótico é indispensável para encontrar os muflões e para disparar, muitas vezes a uma distância considerável e com pouco tempo para o fazer. É verdade que a maioria das vezes caçamos em áreas cercadas, mas na maioria dos casos essas zonas de caça têm extensas manchas florestais e de mato, o que dificulta consideravelmente a tarefa. Por isso mesmo, não podemos dispensar uns binóculos com um bom índice crepuscular, sem necessidade de exagerar no diâmetro das lentes objetivas nem no número de aumentos. Uns binóculos 8×42 ou 10×42 serão perfeitos, tal como o são para a maioria das aproximações, mas sempre de qualidade ótica inquestionável. A mesma receita aplica-se à mira telescópica; sendo de boa qualidade, uma versátil 1.5-6×42 cumpre na perfeição, podendo-se optar por algo mais específico. No entanto, deve-se fugir das miras com lente objetiva exagerada (p.ex., 56 mm) ou de muitos aumentos, fatores que limitam o campo de visão e, como já referimos, por vezes o tempo para preparar o disparo não é muito dilatado, pelo que um rápido enquadramento do alvo poderá revelar-se essencial para o sucesso do lance. Quanto ao calibre, também já demos a referência mínima para o mesmo, mas atenção… Apesar de pouco corpulento, a vitalidade do muflão não deve ser menosprezada. Outro ponto importante e que não deve ser negligenciado é o facto de muitas vezes termos de disparar
a um exemplar integrado num grupo. Os cuidados para que o projétil não trespasse o animal e atinja outro, fazem parte da ética de caça de qualquer indivíduo que se preze como caçador, além disso evita também despesas adicionais ao cobrar mais do que um exemplar. Balas expansivas e não demasiado pesadas, são recomendadas. Agora no verão os machos não apresentam uma pelagem tão bonita como no inverno, além de que as condições para preparação da taxidermia também estão longe de ser as ideais, por isso, opte pela preparação do troféu de crânio.

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