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A importância da iniciação e a minimização dos riscos

by Jesus Barroso de la Iglesia

Estou totalmente de acordo com o seguinte: a iniciação natural deve ser entendida como a melhor forma de iniciar um cachorro. E até me questiono: “Quem é que me disse a mim que o cão que não para ou não faz patrón de forma tão rápida ou tão boa como outros, não o faz por culpa do seu dono e não da sua genética?”

Há tantas variáveis de conduta num cão, tantos estímulos que interferem em cada ação, em cada experiência nova, que é insinuoso ler ou ouvir opiniões que não têm em conta nada disto e só se baseiam na carga genética que tem o cachorro, consequência de uma seleção natural. O que pode ser uma experiência positiva para um cão, para outro pode ser exatamente o contrário. Por exemplo: é bom iniciarmos um cachorro com perdizes selvagens? Aposto que todos acham que é o melhor. Pois… Mas depende das variáveis: caráter do cão, sensibilidades, socialização e habituação ao meio, capacidade inata de adaptação, distância do voo da perdiz, quantidade de perdizes… E somado a isto tudo, há que valorizar outros fatores, alguns ocasionais e externos. Então, é bom ou não iniciar um cão com perdizes selvagens? Se todas as opções anteriores que acabei de mencionar forem ótimas ou, pelo menos, não tão negativas, então obviamente que sim. Mas se alguma coisa falhar, podemos adiar a boa aprendizagem do cachorro até o levarmos à caça. Se as suas sensibilidades auditivas forem altas, se não o sociabilizámos nem o habituámos a novos meios e quando está com uma perdiz, ela sai perto, fazendo aquele barulho típico e ele assusta-se, então será uma experiência negativa, sim. Essa experiência pode “positivizar-se” depois quando ele morder caça ou quando ganhar mais experiência, mas há algo negativo que irá produzir um atraso naquilo que é “natural”. A mesma experiência que pensávamos que era a melhor, pode ser uma grande porcaria. De quem seria a culpa, de quem criou um cão com essas sensibilidades tão altas, do dono que não fez nada para mudar isso e, aliás, nem sequer o soube ver, e começou a iniciá-lo sem habituação, sem adaptação…? Pois, é de todos um pouco.

O TRABALHO DO TREINADOR

Não, não se trata de treino, apesar de também o ser; mas estou a referir-me a minimizar os riscos para que as experiências sejam positivas, ponto. E isso, amigos, muitas vezes não pode ser feito através do natural, no meio selvagem, no meio da pureza da montanha ou da floresta bucólica, não. A maioria das vezes, os campos “tristes” são as melhores ferramentas para a iniciação e preparação dos futuros caçadores ou campeões. Já temos o primeiro elemento da equação, o campo, portanto vamos para os seguintes. A perdiz ou o pombo de cativeiro vão ser complementos excelentes, para que a compreensão do cachorro e a positivização da experiência sejam as adequadas, de forma a que quando enfrentar uma experiência em novos meios e com novas espécies, mais fortes, mais selvagens, na verdade, mais naturais, os riscos desta nova experiência minimizem. Na teoria, é esta a ideia, minimizar os riscos. O problema das pessoas com os cães é que querem que cacem logo, ou seja, ninguém quer iniciar um cão, pensando que a etapa seguinte dependerá daquilo que vão ver. Aquele que inicia um cachorro é porque sabe que a abertura está a chegar, e então soltam-no num intensivo ou fazem uma viagem à Estónia, para que eles possam ver galinholas.

CONSELHOS VINDOS DE TODO O LADO…

Levar muitos cães juntos é como atirar uma moeda ao ar. Não é um método. Porquê? Porque, a partir da minha experiência, sei que haverá uma percentagem alta do grupo (pelo menos um terço) que não será capaz de parar uma única vez; acabarão apenas a fazer patrón e obrigados. Deve-se ao caráter, à hierarquia, e há exemplares que podem ficar no caminho, aqueles que, caso tivessem saído sozinhos, poderiam ter sido muito melhores do que aquilo que são, ou que foram. As pressas são más conselheiras, as experiências contadas são as piores companheiras e os conselhos que ouvimos aqui e ali, principalmente. Ninguém considera que a iniciação é um processo de meses, de um conjunto de experiências positivas ou o mais longe possível daquilo que é negativo, volto a dizer. Por exemplo, vejo pessoas a iniciar ou já a treinar cães não em parelhas, mas sim em grupos de cinco ou sete cães. na internet, são como os cales, todos temos um, e há um dia em que rebentam e magoam.

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