A abundância de perdizes-vermelhas observada em alguns territórios durante os últimos meses está a gerar expetativas elevadas entre os caçadores. No entanto, os especialistas alertam que a decisão sobre quantas perdizes caçar deve ser tomada com prudência, com base em dados concretos e não apenas em impressões visuais.
Segundo a Jara Y Sedal, muitos cotos continuam a abrir a época sem realizar contagens rigorosas das populações, o que pode comprometer seriamente a sustentabilidade da espécie. Sem conhecer a densidade real de perdizes, é impossível definir se a caça é viável e quais os cupos adequados. A realização de censos é considerada relativamente simples, exigindo apenas deslocações de viatura, binóculos e observações ao amanhecer e ao entardecer. Para além do número total de aves, é fundamental avaliar a proporção entre juvenis e adultos, indicador chave do sucesso reprodutivo. De forma geral, considera-se que uma proporção superior a 1,5 juvenis por adulto indica um ano de criação aceitável. Valores inferiores sugerem uma reprodução fraca, exigindo maior contenção na caça.
Quanto se pode caçar?
Mesmo em anos favoráveis, os especialistas defendem que não deve ser abatida mais de 30 a 40% da população existente, sob pena de comprometer o número de reprodutores para a época seguinte. As aves jovens são mais vulneráveis à caça. Cada coto deve ajustar os seus cupos à realidade local, evitando regras generalistas e apostando numa caça sustentável e bem planeada.
Criação
Quando a criação é boa, a prioridade deve ser preparar o futuro, criando condições para que mais casais se estabeleçam e reproduzam. Isso passa pela manutenção do habitat, zonas de refúgio, áreas não mobilizadas, bem como pela disponibilização de água e alimento. O controlo de predadores e a redução da perturbação humana são igualmente fundamentais. Em anos maus, os cotos enfrentam duas opções: reduzir drasticamente a caça ou suspender a atividade. Em muitos casos, opta-se por poucas jornadas, com horários limitados e cupos muito baixos, solução que pode ser sustentável se rigorosamente cumprida. A decisão de não caçar, embora difícil, é vista como um sinal claro de compromisso com a recuperação da espécie.
Fonte: Jara Y Sedal
