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Tordos a tiro

by Redação

Em dezembro há uma imensa legião de caçadores que apenas vê tordos! Ou melhor, procura-os, porque encontrar locais de forte querença desta pequena ave nem sempre é fácil. E depois de os encontrar, há que afinar o tiro.

Agora já há pássaros que assentaram nos seus poisos de inverno, por isso mesmo muitas são as zonas de caça que escolhem os primeiros dias de dezembro para a sua abertura aos tordos. E quando temos o primeiro dia da época a coincidir com abundância de pássaros, então encontramos o “Eldorado” tordeiro!

LANCES HABITUAIS

É por aqui que vamos começar, com alguns dos lances mais habituais na caça ao tordo, que requerem pouco mais do que saber observar; parar e esperar um pouco, para analisar o comportamento de voo dos pássaros. Só depois faremos as nossas escolhas no que diz respeito a chokes e cartuchos. O voo do tordo é um desafio, pode enganar-nos com as suas fitas entre árvores e arbustos, ou bem altos a obrigar descontos de tiro quase absurdos.

O TIRO EM ZIGZAG

Que bem que sabem esses dias de bons tiros – e cobros – de tordos que nos vão fintando entre arbustos e árvores, um lance a exigir perícia e a não nos deixar levar pelo impulso de disparar sem ter escolhido o local e momento certo. Estes lances são vividos em áreas densamente arborizadas ou de matagal arbustivo, com os tordos a saírem das suas dormidas em voo rasante (ou quase) e dando pouco tempo de avaliação ao caçador. Os tiros aos tordos em zigzag devem ser comandados pelo nosso jogo de cintura, isso mesmo! É o corpo que deve direcionar a espingarda e não os braços. Há que seguir o pássaro uns metros, colocando-lhe o cano em cima e depois adiantar ligeiramente ou tapá-lo, se se escapar pela nossa frente. É um tiro rápido e a distância curta, por isso vamos escolher um cartucho que abra bem o tiro e de chumbo mais fino, que será uma combinação perfeita para cobrar tordos nestas condições.

OS MAIS DESEJADOS E TEMIDOS

Os tordos com trajetória incerta, que voam já a alguma altitude, são chamados de “papa tiros”, temidos por uns e desejados por outros. Aparecem vindos do mato sem nos darem tempo para percebermos muito bem para onde se dirigem e por isso torna-se difícil acompanhá-los com o cano da espingarda, de modo a apanhar a trajetória e intuir o correto desconto de tiro. Não vamos fechar os chokes, nada disso! Aqui continuam a valer os chokes médios e inclusive abertos, até porque ainda vamos apanhar alguns pássaros em zigzag.

PÁSSAROS DE FRENTE

É a clássica passagem de tordos, com pássaros a entrarem-nos de frente ao aguardo, a boa altura. Normalmente encontramos estes dias já depois de feita a abertura, com os tordos a manterem as suas rotinas diárias entre as zonas de dormida e as de comida. Quando os pássaros nos entram de frente, com tempo para os apontarmos, temos habitualmente um primeiro impulso de disparar ao tordo tapado, ou até mesmo soltar o tiro quase sem saber muito bem se estamos a acompanhar a sua trajetória de voo – o que seria necessário para calcular o desconto de tiro correto. Este tipo de disparo irrefletido e impulsivo é pouco eficaz (não quer dizer que alguns não possam vir para baixo…). Há que encarar bem a espingarda (deverá ser sempre assim, mas aqui vamos notar mais falta deste “detalhe”), mas devemos ver se o tordo vai em trajetória ascendente, pode ainda ir a ganhar altitude no seu voo, ou de deriva (nesse caso, vamos dar um ligeiro desconto de tiro para a direita ou para a esquerda). É muito importante permanecer imóvel até o tordo entrar na zona de tiro, até lá qualquer movimento que façamos apenas o vai fazer alterar a sua trajetória. Se acabar por entrar direitinho ao nosso abrigo, então temos um tiro simples para executar, sem grandes segredos e que naturalmente vamos apanhar o jeito.

SURPREENDÊ-LOS E NÃO SER SURPREENDIDO

Por vezes basta-nos alterar ligeiramente a nossa posição – sem sair da zona que nos foi designada – para conseguirmos melhores condições de tiro. O objetivo será surpreender os tordos e não o contrário, sermos surpreendidos por eles… Conseguir uma maior visibilidade e obter uma posição de tiro que nos será mais favorável, de acordo com as nossas preferências e o nosso “melhor lado” (todos temos um lado para o qual atiramos melhor), será um com conselho. E para isso, voltamos ao início; há que parar por momentos e observar… antes de começar a atirar.

OS OLIVAIS

Não é fácil definir o tipo de tiro exigido para a caça ao tordo em olivais, hoje a diversidade destes cultivos arvenses é tal que não “obriga” os pássaros a um comportamento fixo. Podemos ter tordos rápidos entre as árvores, que não se apercebem da nossa presença – e quando a sentem já é tarde! –; podemos ter pássaros que remontam em altitude, a exigir muita técnica de tiro; ou inclusive tordos a boa distância em voo estabilizado. Não devemos ser impulsivos e é aconselhável observarmos bom o comportamento dos pássaros antes de começarmos a gastar a bagagem. O mimetismo (boa camuflagem, se não tivermos aguardo) e poucos movimentos são sempre uma boa técnica. Se passam fora de tiro, nem sequer realizamos o encare da espingarda. É melhor estar atento e esperar por outra oportunidade.

PÁSSAROS MUITO PRESSIONADOS

Quando os tordos estão sujeitos a várias semanas de tiros e uma pressão, por vezes, exagerada, alteram o seu comportamento (quando não arrancam para outras paragens mais calmas). Neste contexto, será natural observamos pássaros que mal arrancam na direção da comida procuram uma altitude de voo mais segura, ou seja, colocam- -se imediatamente fora de tiro. Não temos muito a fazer senão aguardar a passagem de alguns tordos mais a jeito. Podemos apostar em chokes mais fechados, que nos ajudarão a compensar os descontos de tiro menos conseguidos, e em chumbo mais grosso. Esta é a receita para os pássaros altos, mas que nos passam a tiro.

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