Início » Vale a pena caçar aos tordos com pequenos calibres?

Vale a pena caçar aos tordos com pequenos calibres?

by Redação

Claro que sim, e muito. Por vários motivos, entre os quais se destaca a adequação do calibre e carga utilizados para as reais necessidades para cobrar uma peça de porte como o tordo, a extraordinária leveza e elevado conforto de tiro que nos oferecem os pequenos calibres, assim como o extra que nos dá um certo romantismo por utilizar uma espingarda em 28 ou 36. Além disso, tanto um como o outro (na sua moderna versão .410) possibilitam-nos de caçar com cargas ajustadas e cartuchos de excelentes prestações.

Encontramos várias razões que nos demonstram ser possível utilizar cargas muito superiores ao que necessitamos para cobrar as peças de caça que habitualmente caçamos nas nossas jornadas de caça menor, tanto de salto como de espera. Hoje em dia, quando falamos de munições para caça de salto o mais comum é ouvir 34 ou 36 gramas de chumbo para cartuchos em calibre 12, um autêntico disparate, quando o que caçamos são perdizes, coelhos, lebres… Tem havido algum avanço na cultura de caça dos nossos caçadores e por isso temos alguns que se aventuram a caçar com calibres menores do que o 12, sendo o 20 o protagonista nessa primeira passagem. A questão é que o limite psicológico das cargas influencia consideravelmente as nossas decisões e por isso sair a caçar com cartuchos com cargas menores é imediatamente visto como uma desvantagem. Assim, quem o faz, parece que tomou como certo um atrevimento por “caçar com poucas gramas de chumbo”, mas na verdade existem algumas vantagens em fazê-lo, para além do verdadeiro prazer que é caçar aos tordos com os calibres 28 e .410.

NÃO SE TRATA DA QUANTIDADE DE CHUMBO…

…mas sim de como é utilizado esse chumbo. Aqui radica o equilíbrio destes calibres, já que não se trata de lançar a maior carga de chumbo possível para assim “assegurar” cada peça de caça atirada (um erro pelo qual a maioria de nós passou), mas sim de utilizar cargas adequadas para o fazer. Se mudarmos a nossa forma de ver este aspeto – da carga adequada –, rapidamente nos parecerá disparatado caçar às codornizes com 32 gramas em calibre 12 e mesmo com 28 em calibre 20, menos carga será suficiente. Como estamos a falar de tordos, atirar com 30 ou 32 gramas de chumbo poderá inclusive parecer injustificado – muito menos com 36, como há quem o faça… – e o excesso de carga apenas esconde o medo de errar e a necessidade de matar muito. Não se trata de disparar com maior carga para conseguir ter uma jornada de caça com maior rendimento, mas sim de o fazer de forma equilibrada. No caso dos calibres 28 e .410 podemos encontrar bons cartuchos para caçar tordos entre os 15 e 22 gramas, e com estas cargas não teremos qualquer problema em cobrar pássaros. Onde encontramos o equilíbrio? Bem, isso é outra conversa… e na nossa opinião será entre os 15 e 19 gramas de chumbo, mais do que suficiente para cobrar tordos à passagem na maior parte dos dias de caça. Não se trata da quantidade de chumbo, mas sim de como essa carga é utilizada. Disparando com chokes mais fechados com o calibre .410, utilizando as cargas referidas, vamos ter um cartucho ideal para passagens de tordos com boas condições, ou seja, com os pássaros a voarem a uma altitude razoável – entre 25 e 30 metros. Este calibre oferece composições de tiro muito boas quando atiramos com cargas entre os 15 e 19 gramas. Se optarmos pelo 28, vamos descobrir um calibre de grande equilíbrio e que será uma maravilha com cargas de 21 gramas e chokes de três e uma estrelas.

CALIBRES DE MODA OU VERDADEIRAMENTE EFICAZES?

Tanto o 28 como o .410 são calibres muito eficazes, embora não possamos cair no erro de os comparar com outros calibres maiores. Não é disso que se trata aqui. Dizer que são melhores do que o calibre 20 ou 12 é entrar ao engano, já que cada calibre tem o seu potencial e rendimento específico. No mundo da caça as modas também imperam nas preferências, no que diz respeito a armas, calibres e munições, e desde há alguns anos que os calibres mais pequenos estão em moda. Se nos centrarmos nas potencialidades do 28 e .410 na caça ao tordo, possivelmente estamos na melhor das opções para estes dois calibres. Como inconveniente destacado está o preço dos cartuchos, o que será um fator em conta na caça ao tordo, em que podemos fazer muitos tiros. No entanto, em caçadas em que podemos dosear os tiros e desfrutar mais de cada lance, temos nestes dois calibres todos os ingredientes para um dia de caça memorável.

DIFERENÇAS NOTÁVEIS

Há que ter em conta que encontramos diferentes condições de caça aos tordos. As necessidades de distância e composição de tiro variam consideravelmente pelo que temos de ter em conta esses fatores antes de escolher os chokes a utilizar. Podemos errar bastante devido à incorreta escolha destes elementos e começar por culpar os calibres, afirmando que não são adequados para caçar. Nos locais onde atiramos à maioria dos tordos a curta distância a opção será, como em qualquer outro calibre, pelos chokes mais abertos; no caso do .410 o choke com três estrelas fará maravilhas. A combinação três/dois funciona muito bem. Quando caçamos em passagem com pássaros altos, o calibre 28 será o mais indicado entre os “pequenos” calibres. Há que ter em conta também a variabilidade destes postos de caça, inclusive durante o mesmo dia de caça. Como referimos, o 28 dará maior confiança, mas isto não quer dizer que o .410 não esteja à altura de boa parte das situações, principalmente em postos abertos, com tempo para ver os pássaros entrarem e a exigirem bons descontos de tiro.

OUTRA VANTAGEM DOS CALIBRES PEQUENOS

Pendurar uma dúzia de pássaros com um destes calibres é um verdadeiro prazer. São calibres para utilizarmos “pouco a pouco”, primeiro como pretexto para um dia de caça diferente, mais tarde como uma opção quase certa para a caça ao tordo e depois, para outras peças “maiores” da caça menor. Caçar de salto com uma espingarda de calibre 28 ou .410 e medir bem os nossos tiros, trabalhando a caça e disparando em boas condições, tornar-se-á um luxo que a cada temporada nos fará mais sentido. Não podemos pedir milagres e compará-los com os calibres maiores, nem sequer pensar em utilizá-los em lances extremos. Por isso mesmo, a caça aos tordos, num ano que nos parece ser de relativa abundância, poderá ser uma excelente forma de começar e entrar neste magnífico mundo.

You may also like

Leave a Comment