Alguns grupos de caçadores preferem encontrar um local para caçar toda a época em vez de contratar jornadas soltas em zonas de caça turísticas ou municipais. Além de poderem gerir melhor os seus dias de caça ficam ainda com uma tarefa que pode dar muito gozo, que é tratar da caça. Para isso “compram” a caça por uma ou mais épocas.
O período do ano em que habitualmente se renovam contratos de exploração de zonas de caça é o final do mês de maio, que marca o final da época venatória e o dia 1 de junho uma nova temporada de caça. Efetivamente, já é um pouco tarde para iniciar todo o processo de gestão cinegética com vista a uma nova época de caça, por isso há sempre que considerar a possibilidade de “comprar” a caça por mais do que um ano.
O QUE É “COMPRAR” A CAÇA
Há uns anos era comum alguns grupos de caçadores adquirirem um pacote de jornadas de caça ou um determinado número de peças, por exemplo, 500 perdizes (quando havia abundância), ou mais espécies, e durante o ano caçá- las. Hoje, embora menos frequente, ainda há quem o faça. Na verdade, este procedimento não é o que queremos destacar neste artigo, o que aqui tratamos é de adquirir o direito de explorar a caça na sua totalidade, na prática será a entidade gestora passar a terceiros a gestão cinegética do seu território ou parte dele, por um determinado período.
PRIMEIRO PASSO
Feito o contacto e ambas as partes (entidade gestora e grupo de caçadores) confirmarem o interesse, o primeiro passo para quem “compra” é solicitar os planos da zona de caça. Da análise do Plano de Gestão (PG), do Plano Anual de Exploração (PAE) e do Plano de Ordenamento e Exploração Cinegética ficamos a saber tudo sobre a zona de caça; espécies que podem ser caçadas, dias de caça, possíveis condicionamentos, etc. Não se trata de desconfiar do “vendedor”, por vezes o responsável da entidade gestora nem sequer é caçador e tudo o que diz respeito aos processos burocráticos relacionados com a atividade cinegética é feito por terceiros, uma situação muito comum em zonas de caça turísticas que não foram propriamente criadas para comercializar jornadas de caça, mas sim incluir essas propriedades no terreno ordenado. Com todos os planos em ordem e taxas pagas (ou com o processo de pagamento em curso), então damos mais um passo no processo.

CAMINHO PÚBLICO OU DE SERVENTIA
Todos sabemos da importância que o sossego tem para a caça, seja maior ou menor. Com um elevado nível de perturbação no território é sempre mais difícil ter boas condições. Os caminhos de serventia, que podem ter transeuntes com muita frequência, podem condicionar a gestão cinegética da zona de caça; prejuízos nas zonas cultivadas, portões abertos, etc., e acabam por criar, na maioria dos casos, aborrecimentos. Outro problema, embora menos comum, é a existência de um (ou mais) enclaves no interior da zona de caça; quer isto dizer, que são áreas fora do processo da zona de caça. Como será fácil de perceber, esta também não é uma situação desejável.
TOTAL OU PARCIAL
Conforme as características do território, pode ser interessante “comprar” a caça apenas em parte da área da zona de caça, por exemplo, por falta de condições naturais em alguma zona de dimensão importante. Outra coisa bem diferente é vários grupos ficarem com a caça a espécies diferentes na mesma zona de caça. Mesmo em territórios vastos, mais cedo ou mais tarde, surgirão incompatibilidades entre esses grupos. Portanto, esta é mais uma situação a evitar.
INFRAESTRUTURAS
Dentro de uma zona de caça as infraestruturas dedicadas à atividade cinegética são fundamentais e significam um importante gasto de recursos financeiros. Não havendo condiciona o trabalho do grupo nas ações de gestão cinegética e quando existem há que acautelar as condições das mesmas, se implicam ou não investimentos significativos e a cargo de quem. Também é muito mais agradável ter um local para conviver, servir refeições nos dias de clima mais rigoroso ou até para pernoitar. Tudo isso se paga, como é óbvio.