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Estudo científico | Gestão do habitat ajuda a conservar populações de perdiz-cinzenta

by Redação

Um estudo científico levado a cabo pela pela Junta de Castela e Leão, a Fundação Artemisan e a Universidade de Leão demonstra que a perdiz cinzenta beneficia de medidas de gestão do habitat.

Este estudo insere-se num projeto realizado desde 2000 no Parque Natural Lago de Sanabria e Serras de Segundera e Porto, em Zamora. Nesta zona, existem perdizes cinzentas que, ao contrário de Portugal, em Espanha estão presentes em zonas montanhosas acima dos 1600 metros, com três núcleos populacionais nos Pirinéus, na costa cantábrica e no Sistema Ibérico, com populações que apresentam densidades médias e outras em vias de extinção, sendo o principal problema a perda do habitat.

Segundo a Jara Y Sedal, após a proibição da caça em várias comunidades autónomas em 1998, não foram desenvolvidas medidas de gestão ou conservação desta espécie, com exceção de iniciativas pontuais que procuraram gerir o habitat desta espécie. É o caso da população de perdiz cinzenta do Parque Natural do Lago Sanabria e das Serras de Segundera e Porto, na província de Zamora, onde desde finais da década de 1990 e até à atualidade, o Serviço Territorial do Meio Ambiente da Junta de Castela e Leão tem vindo a realizar uma monitorização e gestão específica da espécie, cuja eficácia foi recentemente avaliada num estudo publicado na revista internacional Diversity.

Esta gestão baseou-se principalmente na conservação e recuperação de habitats para a perdiz, através do desbaste de matos e da sementeira de centeio (em manchas e de forma linear), distribuídos numa “zona núcleo” do parque, cuja superfície era de cerca de 4.500 hectares. Para determinar a resposta das perdizes a esta gestão, foram utilizados batedores e cães durante o outono em três zonas do Parque Natural, comparando a abundância de perdizes antes (2000-2006) e depois (2007-2023) da aplicação destas medidas de gestão.

De acordo com os resultados, a gestão do habitat aumentou os valores de abundância da perdiz em duas das três áreas estudadas (1,46 e 1,68 vezes) e não teve qualquer efeito na área restante. O padrão de abundância da perdiz durante o estudo foi irregular (com flutuações entre anos) e não foi influenciado pelo clima. Os valores mais elevados de abundância da espécie foram atingidos 8-10 anos após a implementação das medidas relativas ao habitat. A gestão do habitat permitiu alcançar elevados valores de abundância no outono (valores médios de abundância por quilómetro de 2,94 e 3,74 aves/km em duas zonas, equivalentes a mais de 13 perdizes/100 hectares), enquanto o número médio de aves por bando não foi afetado pela gestão (9 perdizes/bando).

Segundo a Jara Y Sedal, os autores referem que agora o desafio consiste em replicar estas experiências noutras zonas onde a perdiz cinzenta está em vias de desaparecer.

Referência: Palacios J, Sánchez-García C, Santos P, Rodríguez M, Gutiérrez JL, Martínez A, Arranz JÁ, Cubero D, Salvador V, Belver MC, et al. Population Response to Habitat Management from an Endangered Galliform: The Pyrenean Grey Partridge Recovery Project in Lago de Sanabria (2000–2023). Diversity. 2024; 16(8):459. https://doi.org/10.3390/d16080459

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