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A busca cruzada: Como treinar um cão no restolho?

by Jesus Barroso de la Iglesia

A chamada é algo imprescindível para treinar e para trabalhar o exercício da busca cruzada. Mas, poderemos utilizar uma coleira de ensino?

CIE é a abreviatura que vamos utilizar para nos referirmos ao colar de impulsos eletrónicos, que também chamamos de coleira ensino. De facto, sim podemos utilizar o CIE, sempre e quando fizemos já a habituação ao mesmo, a pertinente sensibilização para testar o nível correto de resposta do nosso cão e, claro, quando já o utilizamos previamente. É muito importante tê-lo usado antes e que o cão tenha clara a diferença entre chamada e volta. Se não for assim e utilizamos o CIE para trabalhar a chamada, quando treinamos a busca cruzada do cão em vez de voltar quando apitamos, virá ter connosco e deixará de procurar. Podemos fazer isto num caminho. O cão sai e quando achamos pertinente, damos ordem para virar com o apito, com ordem de “vira” ou com aquilo que cada um queira dizer, mas que seja diferente da chamada. Logo que a ordem de viragem seja dada, se for necessário damos um impulso com o CIE e voltamos para o caminho para andarmos na direção contrária. O cão virá e nós não paramos. Animamo-lo (“vai, vai…”), e assim que nos ultrapassa premiamos com um “muito bem”. Deixamos uns metros e repetimos com mudança de direção. TERRENOS PROPÍCIOS Temos de dispor de um terreno mais ou menos plano e onde não haja muita vegetação, sobretudo arbustos, que é o que pode interferir mais com o treino. Para mim, o terreno ideal é o restolho de cereal recém colhido, com as suas fileiras de palha. Sim, já sei que este ano, com o preço da palha, o que vou propor vai ser algo complicado de encontrar, mas explico-vos a razão. Ao trabalhar a busca cruzada num restolho de cereal ou de alfalfa, com as suas fileiras de palha ou erva, alfalfa ceifada, etc., conseguiremos que o nosso cão associe mais facilmente o que lhe pedimos e conseguiremos uma busca cruzada em linha por ser bastante metódica. Isso é algo que conseguiremos treinando no restolho em direção perpendicular às fileiras de palha. E serão precisamente essas fileiras as que nos vão ajudar a que o cão corra para os lados, lateralmente, e não vá sempre em frente. Além disso, em cada viragem fazemos com que o cão passe para a rua seguinte (espaço entre duas fileiras) e, desta forma, habituaremos o cão a passar mais perto, uma ou duas fileiras perto de nós.

Desta forma, teremos uma busca cruzada bastante metódica e muito ordenada, tanto que alguns a chamariam “busca robotizada”. Obviamente que quando tiramos o cão do restolho, longe das fileiras de palha e das ruas entre essas fileiras que nos permitem uma ordem extrema, este não irá tão ordenado e as viragens serão com um ângulo mais aberto, que provocará um maior distanciamento de nós. ENTÃO MAS ISTO SERVIU PARA ALGUMA COISA? Claro que sim. O terreno propício do restolho com fileiras de palha ajuda-nos a que o cão associe o que pedimos e, fora desse meio, será mais simples que o perceba. É como pôr-lhe umas guias para o ensinar. Como é que nós aprendemos a escrever? Primeiro em folhas de duas linhas, logo em folhas de linhas e depois passamos para as folhas em branco. Pois o que acontece é algo muito idêntico a isto. Há algo que nos pode ajudar se o nosso cão tem tendência a ir para a frente de forma excessiva, quando o tiramos do restolho. Podemos pôr uma peça de caça nas laterais do campo. Vamos conduzir o cão até à peça colocada, pois é necessário que a encontre e dessa forma associe que a caça está nos lados e não no fundo, à frente.

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