Artigos de Caça Maior
A caça maior pelo processo de aproximação está a ganhar adeptos e o gamo começa a fazer parte da lista de desejos de muitos caçadores. Durante muito tempo o gamo foi visto como um animal de tapadas, que facilmente se “amansava” e dava mão, o que até pode ser verdade se não for caçado, pois assim que é perseguido este cervídeo pode tornar-se num grande desafio venatório.
A expansão dos cervídeos selvagens tem sido uma realidade nos últimos anos; veados, corços e gamos têm vindo a ocupar territórios e a aumentar a sua densidade em várias regiões. Os núcleos populacionais de gamos em áreas abertas (sem malha cingética) têm na maioria dos casos origem em zonas de caça fechadas onde a espécie foi introduzida e que, de alguma forma, daí saíram. Existem ainda pequenas populações em algumas regiões onde os gamos existem há bastantes anos e que se mantêm estáveis. Por exemplo, as Herdades do Pinheiro e Monte Novo, junto ao rio Sado, mantêm uma população de gamos cuja origem é anterior à abertura das reservas de caça no pós-revolução de abril de 1974.
ORIGEM
O gamo é um cervídeo de marcado dimorfismo sexual e de tamanho médio, com um peso entre 40 e 100 quilos para os machos que se destacam pela sua palma nas hastes, e entre 35 e 60 quilos nas fêmeas que não portam hastes. Há vestígios fósseis de cervídeos na Europa com milhões de anos, contudo o gamo é mais recente no Velho Continente, estimando- -se a sua presença até ao último período glaciar, há uns 100.000 anos, tendo desaparecido desta região do globo. Os mais recentes estudos referem que o gamo sobreviveu na região de Anatólia (Turquia) e daí foi introduzido pelos fenícios nos países mediterrânicos (Grécia, Macedónia e Itália) e mais tarde pelos romanos na Península Ibérica. Atualmente o gamo está presente em todos os continentes, além da Europa e Ásia, também encontramos a espécie na América do Norte e do Sul, África e inclusive na Oceânia – onde foram introduzidos com fins cinegéticos.
A CAÇA
A ampla distribuição da espécie revela bem a grande adaptabilidade do gamo. Desde as densas florestas húngaras, às áreas pantanosas da Austrália, passando por regiões mais quentes e secas na África do Sul, o gamo adapta-se e conquista o seu território. Entre nós, pelo facto de durante décadas ser um animal de tapadas, a sua caça foi desvalorizada, contudo, o gamo rapidamente muda o seu comportamento se for perseguido. O gamo é um animal esquivo e astuto, e mesmo em zonas de caça fechadas (com rede cinegética) pode representar um verdadeiro desafio. Claro que quando caçado em aberto o trabalho do caçador para conseguir o seu troféu de gamo será muito maior.

O TROFÉU
Sem dúvida que são as hastes do gamo o primeiro atrativo para o caçador, trata-se de um troféu espetacular quando apresenta bom tamanho. E é aqui precisamente, na avaliação do tamanho do troféu, principalmente da palma, que o caçador deve colocar a sua atenção. Observando um gamo de frente ou por trás será muito fácil enganarmo-nos na avaliação do troféu, que nos parecerá bastante maior do que na realidade é. A melhor forma de avaliar as palmas – que devem ser largas e compridas – é com o gamo de lado. Uma vez avaliadas as palmas podemos passar na grossura das hastes e seu comprimento total. E por fim, nos estoques e contra-estoques. Muitos exemplares carecem de contra-estoques, o que não tem importância para a pontuação total do troféu, apenas o poderá penalizar na beleza. Neste aspeto, as pontas das palmas também devem estar inteiras, o que valorizará o troféu.
ANTES DA RONCA…
A cor do troféu será outro aspeto a considerar e por vezes difícil de conjugar com a integridade do mesmo. Se o gamo for caçado imediatamente ao “descorrear” das hastes (perda do veludo) a cor será esbranquiçada, com menos beleza para o troféu. Contudo, assim que o gamo entrar no cio – a brama do gamo (ou ronca) que acontece normalmente ainda em setembro – há o risco de quebra de pontas e inclusive das palmas como resultado das lutas entre machos.
…OU DEPOIS!
Terminada a ronca os gamos machos procuram as zonas mais isoladas e com vegetação mais densa, reduzindo significativamente a sua atividade. O desafio para os caçar pelo processo de aproximação será consideravelmente maior. Uma boa estratégia será procurá-los nos pastos ao final do dia. Afastados das fêmeas a aproximação será de certa forma mais fácil, embora o caçador tenha de ter sempre em conta o vento e o mimetismo durante os seus movimentos. A oferta de caça não é muito grande, mas no “boca a boca” facilmente vamos encontrar um gamo para caçar. Relativamente ao preço, um troféu de gamo ficará regra geral mais em conta comparativamente ao veado.