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10 conselhos para caçar aos veados de aproximação

by Redação

Estamos a chegar ao período de brama, um dos grandes espetáculos que as nossas paisagens, de norte a sul, nos oferecem. A imagem de um veado a bramar nos primeiros dias de outono, em que a poderosa vocalização deste magnifico animal rompe
a neblina matinal, fica-nos para sempre na memória. E a vontade de dar caça a um desses exemplares cresce…

Nos últimos anos a maior atividade da brama tem-se registado entre finais de setembro e início de outubro, talvez seja uma consequência das alterações climáticas que avançaram para este período do calendário as primeiras águas a cair após o estio. Para o veado, este é o momento dos genes mais fortes garantirem a sua descendência, dando assim as melhores condições à continuidade da espécie. Durante alguns dias das semanas em que os bramidos enchem as serras e montados, as fêmeas estarão recetivas e deixar-se-ão cobrir pelos machos dominantes. São eles que mais se expõem, perdendo a sua natural e característica prudência, deixando inclusive as necessidades alimentares para segundo plano. O grande veado macho apenas
tem como objetivos expulsar os adversários e reunir o maior número de fêmeas, formando um harém. Para isso terá que sair dos bosques e matagais que o abrigam durante todo o resto do ano, deixando-se ver nas clareiras e em plena luz do dia nos montados, mas sobretudo fazendo-se escutar, propagando a sua voz aos quatro ventos, anunciando a sua presença aos outros machos, às fêmeas e aos caçadores… A falta de prudência dos veados durante a brama jogará a favor do caçador, mas este tem de contar com o terreno seco e a vegetação como adversidades, por isso deixamos aqui alguns conselhos para caçar de aproximação; são 10 (poderiam ser 20, ou mais), que ajudarão não só a alcançar o seu objetivo mas – na nossa opinião
– a desfrutar mais deste processo de caça.

Foto: Pixabay

1. Conhecer o terreno
Talvez já seja tarde para este conselho, mas mais vale tarde do que nunca. Mesmo tratando-se de uma caçada guiada (pelo guarda da zona de caça, na maioria das vezes) será conveniente recolher toda a informação possível sobre o terreno a caçar. Conhecer a fundo o terreno e as querenças dos animais leva anos, mas com uma visita prévia à zona de caça podemos ter uma ideia do que vamos encontrar, inclusive numa conversa com o nosso guia com um mapa da área na nossa frente. Assim, será possível memorizar certos obstáculos e perceber melhor as decisões tomadas durante a aproximação.

2. Rever o equipamento
Dizem que os pilotos “kamikaze” japoneses reviam todo o seu equipamento 20 vezes antes de partirem; apesar de partir para uma viagem sem regresso, apenas tinham uma oportunidade, um único “tiro”, o seu avião não podia falhar. Felizmente a nossa missão não é comparável, mas o momento do disparo deve ser considerado “único”. É isso que procuramos na caça de aproximação, um momento que ficará imortalizado na nossa memória, assim tudo deve estar preparado para não falhar. Comece por confirmar a boa afinação do conjunto carabina/ótica/munição e o bom estado do seu apoio de tiro, este deve ser estável o suficiente para permitir manter a cruz do retículo numa folha de papel A4 a pelo menos 200 metros de distância.

3. Tempo, tempo e mais tempo
As coisas mais breves são as que mais tempo de dedicação necessitam para a sua preparação. Uma caçada deste tipo deve ser preparada com tempo e se pretende caçar na brama deve contar com alguma disponibilidade de agenda. Será a Natureza a decidir o melhor momento. As horas de atividade dos veados podem ser limitadas, não se pode chegar ao campo meia hora depois dos veados se calarem. Cace com tempo. Chegue cedo ao campo.

4. Tenha claro o seu objetivo
Não tem de ter como objetivo um veado de 200 pontos, veado seletivo, ou um 12 pontas, um macho cujo troféu esteja em regressão. Este é o melhor período do ano para efetuar uma eficaz gestão cinegética, o que permitirá encontrar outros objetivos.

5. Olhos bem abertos
Há quem pense que na brama se caça apenas de ouvido. Na realidade, são mais as horas em que não vamos ouvir qualquer bramido. Como no futebol, os golos são o mais bonito neste desporto, mas o jogo realiza-se durante todos os 90 minutos. Caçar na brama é igual. Podemos caçar com o ouvido mas não devemos desvalorizar a observação atenta de toda a paisagem. Por vezes os maiores veados estão deitados, exaustos e sem bramar, embora estejam em plena brama.

6. Seja paciente
Os veados, mesmo em plena brama, não são como aquele amigo espalhafatoso que encontramos sempre nas festas. Se a brama está ativa vamos ouvir bramar, mas recorde-se que nas zonas de caça abertas (sem vedação cinegética) as densidades de animais são habitualmente menores e, como tal, vamos registar menos bramidos. A caça, seja de aproximação ou por qualquer outro processo, exige paciência.

7. Certeiro, no momento certo
Na brama, mais do que noutra situação de caça de aproximação, teremos a oportunidade de efetuar um disparo com o animal totalmente alheado da nossa presença. Sabemos o que vamos caçar, podemos inclusive na maioria das vezes escolher o ângulo, a distância e o momento do disparo. Não é como na montaria. A carabina, a ótica e a munição deverá estar adequada as estas condições, assim como a nossa técnica de tiro. No momento do disparo devemos estar seguros, numa posição confortável, com o apoio adequado, para que o tiro seja limpo e certeiro. Claro que podemos falhar, todos falhamos.
Mas esse falhanço deve ser algo que não esperamos.

8. Respeite o animal abatido
O veado que acabou de caçar merece todo o respeito. Na Europa Central e do Norte existem tradições que dignificam a caça abatida. Não digo que façamos ao veado um funeral ao mais puro estilo viking, mas o animal deve ser honrado, o seu corpo aproveitado e o seu troféu preparado.

9. Plano de resgate
O que descrevemos no ponto anterior contradiz o improviso. Antes de caçar pense nas possibilidades de recuperação do animal abatido. Sozinho, “armado” com um canivete e uma corda de bolso, não vai conseguir retirar um veado de 190 quilos do fundo de um barranco. Tenha planeado a ação “pós-disparo”; que ajudará, com transportar o animal caçado e o que fazer com o mesmo. Isto também faz parte do respeito à peça de caça.

10. Desfrute sem apertar o gatilho
Poucas coisas são tão frustrantes na caça como chegar ao pé do animal abatido e perguntar-se porque lhe disparou… Claro que a adrenalina leva a decisões impulsivas e a inexperiência a outras tantas… Normalmente um lance de caça de aproximação dá-nos tempo, tempo para avaliar, para confirmar se esse é realmente o seu objetivo. O tiro deverá dar-lhe satisfação, tal como todos os outros momentos desse dia de caça.

Foto: Pixabay

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