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Os veados do Rosmaninhal

by Pedro Vitorino

Se tivesse que escolher uma única espécie cinegética para caçar daqui em diante, não tenho dúvida, seria o veado. E se tivesse que escolher locais para caçá-los, também não tenho dúvidas, o Rosmaninhal estaria no “top 2” da minha lista…

…o “top 1” seria a Escócia. Curiosamente nos dois locais, Escócia e Rosmaninhal, encontro algo que me atrai, para além dos veados; a largueza. Gosto de ver longe, de avistar à distância e, depois de encontrado o objetivo, traçar a estratégia de aproximação.

Sempre de aproximação

Foi assim que comecei a caçar no Rosmaninhal, que sempre cacei e continuo a caçar; de aproximação. No início do outono de 1997 cacei com o meu Pai pela primeira vez nesta área e logo no primeiro dia de caça avistámos os veados. Nunca tínhamos caçado de aproximação e o nosso guia tão pouco tinha caçado alguma vez com alguém. Conclusão: os veados não deram mão. Mas vi que queria caçar ali mais vezes, à minha maneira, tentando perceber e aprender sozinho. Desde então que caço todos os anos no Rosmaninhal, umas vezes concretizando o abate de um veado, outras não.

O prazer que tiro ao percorrer a paisagem agreste e despovoada das terras entre o Rosmaninhal e as Cegonhas, ou dali até quase à Zebreira, é imenso.

Um seletivo no Vale Morena

A caça de aproximação, seja com o objetivo de um troféu ou não, é sempre seletiva. No entanto convencionamos chamar “caça seletiva” quando procuramos um exemplar com algumas caraterísticas específicas, normalmente diminutivas da espécie.

Nas frequentes conversas via “mensagens FB” com o Gilberto Fernandes falámos na possibilidade de caçar um veado seletivo na Herdade Vale Morena, cuja gestão está atualmente a seu cargo. Além do prazer pessoal, a caçada serviria ainda para testar um novo moderador de ruído e fazer uma filmagem para um dos episódios do programa Zona de Caça, que estreou este mês de fevereiro no canal Caçavision.

Esta é uma região com um clima duro, onde a falta de água – cada vez mais acentuada – condiciona a sobrevivência da fauna. Frequentemente ouvimos falar dos “massacres” que se fazem nas montarias do Rosmaninhal. A verdade é que continuo a ver por ali bastante caça, para além dos veados, agora também há gamos. Se concordo com essas montarias? Claro que não. Mas deixemos por agora essas questões.

Largueza

Arrancámos do monte da Herdade a pé, eu o Gilberto e o Hugo, que tinha a missão mais difícil, captar as imagens da caçada. O nevoeiro não deixava ver muito longe, mesmo assim a vista alcançava trezentos ou quatrocentos metros de distância. De um pequeno cabeço olhamos lá na direção do Rio Tejo e debaixo de uma azinheira está um veado que, certamente, ingere bolotas. Mais longe, à direita, dois veados que talvez por não haver bolota no chão esticam-se para alcançar as folhas mais baixas dessa azinheira que continua frondosa.

Binóculos em punho e começamos a analisar em detalhe os três exemplares que temos à nossa vista. Graças à largueza que a propriedade nos proporciona podemos fazê-lo dali. Como faço na Escócia.

O Gilberto diz-me que um dos dois veados à direita “é o tal”. Ele sabia-o por ali, como bom gestor da propriedade. Pergunta-me como quero fazer, como bom guia. Estes dois detalhes fazem toda a diferença quando caçamos; um bom gestor, conhecedor das populações e sua dinâmica, e um bom guia, que apesar de comandar as operações deixa o “cliente” tomar a iniciativa.

Bem, a partir daqui poderia descrever a caçada, com os detalhes do lance (e do tiro), bem como a explicação sobre o motivo de considerar seletivo aquele veado. Mas essa foi a minha caçada com o Gilberto e os meus objetivos com este artigo são outros:

– Chamar a importância para uma gestão efetiva sobre os cervídeos na região, procurando ajustar densidades e equilibrar populações;

– E mostrar que também podemos caçar de aproximação, principalmente numa área com condições excecionais para este processo de caça.

Equipamento em teste

Aproveitei esta caçada para testar um novo moderador de ruído na “arma de serviço”, a Browning X-Bolt Long Range McMillan em calibre .308Win., equipada com mira telescópica Kite Optics KSP HD2 2.5-15×56, com retículo iluminado. Apesar da configuração “tática”, a X-Bolt Long Range McMillan consegue manter o peso nuns aceitáveis 3,5 kg, que facilmente são “compensados” pela excelente ergonomia da coronha. Além de permitir transportar a arma de forma cómoda, esta coronha está particularmente adaptada aos tiros em posição deitado, por isso optei pela instalação de um bipé Harris.

mira Kite Optics oferece-nos um excelente compromisso entre prestações (qualidade ótica irrepreensível) e preço, fazendo uma única concessão no design menos arrojado – ou mais conservador.

Com ia caçar de aproximação, optei pelo moderador “over-barrel” Jaki Titanium Super; um bom compromisso entre dimensões (acrescenta 15,5 cm ao comprimento total da arma) e peso, e prestações – bons agrupamentos, eficaz redução do ruído e conforto de tiro.

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