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Montaria; sorte no posto! Talvez saber…

by Redação

Quantas vezes no final de uma montaria confirmamos que há um ou outro monteiro que têm sempre “sorte” e conseguem um bom troféu de javali ou veado. Sem negar que a sorte – a deusa Fortuna – tem de nos dar a mão em qualquer caçada, a realidade é que somos nós, nas nossas ações, fortemente responsáveis pelo resultado. Passo a explicar…

TEXTO: RAFAEL C.

Não é correto afirmar que o caçador de posto numa montaria – o monteiro – não passa de um “atirador”. Um bom monteiro, como caçador, deve saber como se movimentam as reses na mancha e quais as querenças no dia da montaria. Entender isso constitui a primeira parte do seu êxito individual.

COMEÇAMOS PELOS JAVALIS

A forma como fogem ao acosso dos cães os javalis fêmeas ou jovens é muito distinta. Uma javalina velha e sabida, acompanhada de crias, regra geral dará luta aos cães. Os porcos até um ano de idade, por falta de experiência, vão arrancar em fuga assim que sentirem o perigo, chegam aos postos a fazer mais ruído e com maior atenção aos seus perseguidores, os cães, do que ao que podem encontrar pela frente. Todos nós já ouvimos um javali a partir mato como um todo-o-terreno e depois… surge-nos um porco com pouco mais de trinta quilos. O contrário também é frequente, ou seja, um velho navalheiro em fuga passa-nos a meia-dúzia de metros “sem pisar um ramito”! Daí a importância de estar muito atento no posto, com ouvidos alerta. Um javali experiente dificilmente romperá a um aceiro sem esperar e escutar à saída do mato, a não ser que venha com os cães a morderem-lhe os calcanhares. Pode inclusive ficar mais de um minuto nesse compasso de espera e só depois sai da segurança que lhe dá a cobertura do mato. Se percebe que tem pela frente o seu maior inimigo – o Homem –, então prefere arrepiar caminho e enfrentar os cães. Ainda falando destes, os javalis mais sabidos preferem seguir as veredas, inclusive os “passos” habituais das raposas, passando só depois destas. Mais uma vez, todos já ouvimos experientes monteiros afirmarem que por isso mesmo não atiram sobre as “zorras”. A paciência e astúcia são armas que o monteiro tem de levar sempre para o posto. É curioso como ouvimos falar de javalis que escapam em uma montaria há vários anos, saindo sempre por onde menos se espera, inclusive na direção da solta dos cães. Eles já conhecem o ruído dos carros e reboques, da algazarra das matilhas e, sobretudo, que daí a momentos nessa direção não haverá cães…

CERVAS NO CUPO

É cada vez mais frequente permitir-se caçar cervas (fêmeas de veado) em montaria, sendo uma forma de controlar as populações de cervídeos principalmente em zonas de caça onde apenas se pratica este processo de caça coletivo. Há que saber que são as fêmeas mais velhas que lideram os grupos e são estas que mantêm as “equipas” coesas, por isso o recomendável é começar pela cauda do pelotão, tentando cobrar as mais novas. O abate da fêmea líder, apesar de deter o grupo e permitir o abate de mais uma ou duas cervas, tem como consequência o desAgregamento familiar e isso prejudica consideravelmente o desenvolvimento dos juvenis.

DEIXAR CUMPRIR

É tão importante deixar cumprir a rês como intuir o seu caminho de fuga. Uma rês que baixa fraldeando uma encosta, ao chegar à linha de água e deparar com uma nova ladeira poderá seguir pelo regato. Prever uma aberta de tiro nessa zona será aconselhável. Há que estudar onde vamos poder disparar, sempre com a segurança como primeira premissa. Deixar uma rês cumprir ao posto é obrigação de todo o monteiro; primeiro, não deve “cortar” a possibilidade de disparo aos postos vizinhos e, segundo, não é em montaria que se fazem concursos de distância de tiro.

QUANTO AOS VEADOS

Regra geral (na caça temos de falar sempre assim) os machos de maior porte fazem-se acompanhar na sua “fuga ordenada” por um ou mais machos mais novos e inclusive por alguma fêmea. Estes bichos mais experientes preferem que os seus companheiros de fuga saltem primeiro ao aceiro, para que testem as suas “carnes” às balas. Quando um veado velho está só na sua fuga, fará paragens frequentes em zonas mais sujas, ficando imóvel e escutando, tal como faz um navalheiro.

MUFLÕES E GAMOS

Ambas as espécies são bastante gregárias, tanto os machos de muflão como de gama gostam de se deslocar em grupos, por vezes também acompanhados de numerosas fêmeas. Neste último caso, tal como acontece com os veados e javalis, os machos mais velhos – e consequentemente com melhor troféu – são capazes dos mais disparatados comportamentos para enganar os cães. Os muflões muitas vezes correm em círculos até esgotarem os cães, por vezes amagam- -se no chão quase como uma lebre e deixam passar os seus perseguidores, encetando nova fuga em sentido contrário.

CHEGAR E OBSERVAR

Chegados ao posto, e preparado o estojo, deve o monteiro observar com atenção todo o meio que o rodeia, procurar veredas seguidas e determinar as zonas de tiro, tendo sempre a segurança como fator principal. É muito importante ter bem definido onde podemos e não podemos atirar. Se temos pela frente uma zona suja e outra mais limpa, o mais lógico será procurar os locais mais favoráveis para um possível disparo nessa área mais coberta de vegetação, pois no limpo – se por ali passar algo – será sempre muito mais fácil improvisar.

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