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Descobrir o gamo: Entre aproximações e montarias

by Redação

Não emite os potentes bramidos do veado, nem é tão misterioso como o corço, tão pouco se mostra tão esquivo como o javali. Mesmo considerando lógicas todas as premissas anteriores, o gamo é uma opção cinegética que pode ser bastante interessante, seja em montaria ou na caça de aproximação. A par de um troféu vistoso, este cervídeo poderá representar um desafio muito maior do que inicialmente pensamos.

Faça-se justiça

Habitualmente é conotado como um animal de tapadas ou cercados, com pouco interesse cinegético. Pelo menos é assim que a maioria dos caçadores vê o gamo, apesar de poucos terem tido a oportunidade de caçar um exemplar desta espécie
em terreno aberto – ou mesmo numa área cercada de grande dimensão. O gamo é um animal selvagem, se perseguido (caçado) rapidamente altera o seu comportamento pacífico e “manso”, fazendo valer o seu instinto de sobrevivência
alterando hábitos e rotinas. O argumento de “caça fácil” é rapidamente desmontado se o tentarmos caçar sob esta condição.
Em montaria tão pouco é fácil cobrar, surgindo muitas vezes quase sem aviso e com um passo muito característico, obrigando a mão firme para um tiro certeiro.

Um belo troféu

Além de poder proporcionar um magnífico lance, um gamo adulto mostra um belo troféu. Se cobrado na época da “ronca” – período do cio da espécie – ao troféu junta-se a vistosa pelagem que incentivará qualquer caçador a realizar uma taxidermia e peito. A partir dos cinco anos um gamo mostrará as palmas amplas e recortadas por várias pontas. Nos critérios de medição do troféu, ao comprimento e largura das palmas, juntam-se o comprimento das hastes e dos estoques – primeiras pontas a seguir às rosetas. Um troféu completo mostra ainda um estoque “intermédio” – segunda ponta virada para a frente – e um contra-estoque, sendo esta a primeira das pontas (virada para trás) da palma. Durante o período do cio, que decorre em outubro, os gamos lutam, tal como acontece com os veados, correndo o risco de partir as palmas das hastes. Por isso, se o objetivo é conseguir um bom troféu (e integro), a caça deverá ser programada nos momentos prévios ao cio.

Foto: Pixabay

Da aproximação para o posto

Terminada a época do cio, a maioria dos gamos são cobrados nos postos das montarias mistas realizadas em zonas de caça onde a espécie está presente. Resultado de animais que escaparam de áreas cercadas, hoje é comum em certas regiões encontrar o gamo em aberto, tais como: Mértola, Évora, Portel, Arraiolos, Montemor-o-Novo, Póvoa e Meadas, Rosmaninhal e Monforte da Beira (para citar algumas).

Entre roncos

A primeira das opções para quem procura um bom troféu será caçar de aproximação. O período do cio é conhecido por “ronca”, devido aos sons emitido pelos machos nesta fase em que marcam território e procuram fêmeas, tal como o veado. Os gamos machos fazem ouvir os seus roncos curtos mas fortes, servindo de orientação para a nossa caçada, cuja estratégia será muito semelhante à utilizada na caça ao veado durante a brama. Como já referimos, convém não deixar adiantar muito o período de ronca se procuramos um troféu “inteiro”, pois os grandes machos são os que se empenham em lutas mais violentas, sendo frequente danificarem os seus troféus.

Lances em montaria

Quando a caça se realiza de montaria em propriedades cercadas, uma das dificuldades que o caçador terá de enfrentar será a seleção do exemplar correto, já que os gamos ao se sentirem pressionados tendem a agrupar-se em consistentes rebanhos. Acontece frequentemente os melhores exemplares passarem pelos postos “tapados” por gamos mais jovens, sempre no interior da “pelota”, perante o desespero do monteiro que procura um tiro nas melhores condições.

Dois apontamentos para terminar

Primeiro, tal como acontece com o veado, a alimentação influenciará o desenvolvimento das hastes do gamo. Num ano em que a seca se faça sentir durante a primavera e verão, o desenvolvimento das hastes será afetado. Naturalmente, este problema poderá ser mitigado nas áreas de caça cercadas, onde os animais recebem suplementação alimentar. Segundo, um bom troféu de gamo nunca alcança os valores monetários de um exemplar de veado da mesma categoria. Embora a oferta e possibilidades de caça ao gamo não seja tão vasta, o seu valor também não é tão alto. Há sempre a hipótese de procurar uma caçada além-fronteiras, pois a espécie está presente em estado selvagem (áreas abertas) em muitos dos bosques da Europa Central. Em países como a República Checa e Hungria todos os anos são cobrados grandes – e caros! – troféus de gamo (com mais de 5,0 kg de hastes e crânio). Na Polónia os troféus serão mais modestos, tal como os preços, sendo possível encontrar boas propostas para caçar de aproximação um bonito gamo. Espanha é outra alternativa, com muita oferta, principalmente em áreas cercadas.

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